ANÁLISE DOS EFEITOS DE CURTO PRAZO DO MANEJO FLORESTAL DE IMPACTO REDUZIDO SOBRE UMA ASSEMBLEIA DE AVES DE SUB-BOSQUE EM UMA FLORESTA DE TERRA FIRME NA AMAZÔNIA CENTRAL
Manejo florestal. Impacto. Avifauna. Amazônia Central.
Os efeitos do Manejo Florestal de Impacto Reduzido (MFIR) com intensidade de corte de 24,3 m³/ha sobre uma assembleia de aves de sub-bosque foram analisados na Floresta Nacional do Tapajós (Amazônia Central) com amostragem antes e depois (até dois anos e meio) da atividade ocorrer comparando área manejada e não manejada. Também foram coletados dados ambientais (abertura do dossel) e o monitoramento se deu através de redes de neblina totalizando 5.760 horas de redes abertas nos três anos de estudo, o que levou a captura de 692 aves pertencentes a 71 espécies agrupadas em 29 famílias. As amostras entre as áreas manejadas e não manejadas obtiveram alta similaridade de espécies (67,1 %) e as análises de variância e o procedimento NMDS demonstraram que a atividade não teve efeito significativo nos padrões de riqueza, abundância e composição das aves. A análise destas em guildas tróficas demonstrou que os insetívoros agrupados em larga escala representaram a maior parte das espécies da assembleia e apresentaram redução significativa após o manejo em 2016, assim como os insetívoros seguidores de formigas de correição. Entretanto estas guildas obtiveram recuperação em suas abundâncias dois anos e meio após a atividade para níveis pré-manejo. A abertura do dossel aumentou significantemente após a atividade e a relação desta variável ambiental com as guildas demonstrou que somente os insetívoros terrícolas foram impactados. A relativa grande escala de paisagem abordada de 800 ha, além da média intensidade de corte empregada associada ao uso de boas práticas de manejo florestal parece ter diluído e minimizado os efeitos da exploração madeireira nos parâmetros ecológicos analisados. O MFIR se apresenta como uma alternativa econômica viável para manter grande parte da avifauna de sub-bosque na Amazônia Central desde que os parâmetros estabelecidos em lei para máxima intensidade e ciclos mínimos de corte sejam constantemente aprimorados, além da necessidade de monitoramentos mais abrangentes da biota em prazos mais longos para elucidar se estas populações estão se mantendo nestes ecossistemas florestais perturbados.