PEACEBUILDING A PARTIR DA FORMAÇÃO DE FACILITADORES DE CÍRCULOS DE CONSTRUÇÃO DE PAZ: Um caso de conflito étnico na Amazônia Brasileira.
Peacebuilding. Processos circulares. Justiça restaurativa. Conflito étnico. Conflito comunitário.
“Quando eu era criança, o lago da rua da minha casa era lindo, cheio de vitórias-régias, aguapés, garças e, à noite, olhos brilhantes de jacaré.” Assim inicia o texto de uma pesquisa que vem sendo moldada como artesanato local, na perspectiva de Charles Wright Mills. A narrativa apresenta uma situação conflitiva, ocorrida em âmbito escolar, entre uma professora indígena e a comunidade de São Miguel, Reserva Extrativista (RESEX) Tapajós-Arapiuns, na Amazônia Brasileira. Nosso objetivo é descrever o processo de construção de paz de São Miguel, a partir da formação de facilitadores de construção de paz e justiça restaurativa. Para tanto, elegemos como nosso objeto o conceito de Peacebuilding (construção da paz) numa leitura da Escola da transformação de conflitos de John Paul Lederach. Pretendemos, inicialmente, localizar a questão conflitiva em um plano presente, identificando dimensões no plano passado que nos conduzam à possíveis causas estruturais do conflito, e dimensões no plano futuro destacando as intervenções realizadas, as mudanças recentes, e o que a comunidade elege como um futuro desejável para aquele contexto local. De cunho qualitativo, a pesquisa se calcará em literaturas pertinentes, bem como na fala e documentos da comunidade e instituições envolvidas. Frisamos a importância do consentimento das pessoas afetadas pelo conflito em todos os momentos da pesquisa; assim como, muito embora tenhamos aportes teóricos, marcamos a importância do conhecimento local para a construção da nossa narrativa e dos nossos resultados, dentre os quais estão duas propostas de análise de conflito em contexto comunitário.