“Terra de Negro – Preta Terra: Etnopedologia da terra preta em quilombos de
Santarém”
etnopedologia; terra preta; quilombo
Desde Curt Nimuendajú até os nossos dias, os solos antropogênicos sempre despertaram
a curiosidade de inúmeros pesquisadores por conta da riqueza de materiais cerâmicos
que são possíveis de serem encontrados. Na diversidade que se configuram os solos da
Amazônia, a terra preta ocupa especial espaço, onde cada vez mais pesquisas iniciadas
por diversas ciências tem dado especial atenção e lugar a ele. No espaço sobre os quais
há os solos de terra preta, por vezes populações contemporâneas tem se estabelecido
sobre ele ou o utilizado para sua produção agrícola. É o caso das comunidades
quilombolas de Bom Jardim, Murumuru, Murumutuba e Tiningú, localizadas no
município de Santarém, onde já houve o início de dois projetos de pesquisa PIBIC sobre
terra preta, realizados nos anos de 2013 e 2014 que possibilitaram a produção de dados
cartográficos e etnográficos. O presente projeto pretende analisar os resultados derivados de pesquisas anteriroes por meio do qual será realizado um aprofundamento sobre os aspectos gerais e utilitários sobre a
etnopedologia, a apropriação coletiva da TP por meio da experienciação e
representações (sentidos) dados a ela, do manejo das coleções domésticas que são
formadas a partir da coleta de fragmentos cerâmicos encontrados nos roçados, sua
classificação, ressignificação e os possíveis sentidos da “sacralização” apontados por
meio de suas “assombrações” e “misuras”. A pesquisa questiona se é possível que
processos de re-ocupação (territorialidade) por populações distintas das que produziram
a terra preta possam a partir de seus novos usos e sentidos (identidade) conferir um
novo estabelecimento identitário a ela. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, indutiva
que tem como ferramenta metodológica a escrita etnográfica.