AVALIAÇÃO DA PROPRIEDADE ANTIDOFÍDICA DE Kalanchoe brasiliensis Cambess (CRASSULACEAE)
UTILIZADA TRADICIONALMENTE CONTRA ENVENENAMENTOS POR Bothrops atrox
uso tradicional. planta medicinal. extrato aquoso antiofídico.
Kalanchoe brasiliensis, conhecida popularmente como coirama ou Saião, é bastante
utilizada em forma de chá ou cataplasma na Região Oeste do Pará, para bloquear ou amenizar
os efeitos locais causados pelos envenenamentos com serpentes peçonhentas. O extrato
aquoso de sua folha foi testado contra hemorragia induzida pelo veneno de Bothrops
jararaca, somente em protocolo de pré-incubação (veneno: extrato). Sendo assim, o objetivo
desse trabalho será avaliar o efeito do extrato aquoso de K. brasiliensis, preparado de acordo
com uso tradicional contra as principais atividades biológicas induzidas pelo veneno de B.
atrox. Para isso, folhas de K. brasiliensis foram coletadas na Escola da Floresta, SantarémPará. O veneno de B. atrox (VBa), foi adquirido de extrações em serpentes coletadas na
Floreta Nacional do Tapajós. O preparo do extrato aquoso de K. brasiliensis (EAKb) foi
análogo ao modo tradicional. Nos ensaios preliminares in vitro foi realizada a análise do perfil
fitoquímico e foi investigada a ação bloqueadora do extrato frente à atividade coagulante e
antimicrobiana. Posteriormente será analisada a atividade fosfolipásica, antioxidante e a
citotoxicidade do extrato. Nos testes in vivo será avaliado o potencial de bloqueio dos extratos
frente às atividades hemorrágica e edematogênica do veneno de B. atrox. Os resultados
preliminares mostraram que o extrato de K. brasiliensis (EAKb) apresentou flavonoides,
terpenos, taninos e cumarinas, pela análise em CCD. O EAKb inibiu 100% da atividade
coagulante, na proporção avaliada (1:30, veneno:extrato). Pela análise da atividade
antimicrobiana o EAKb mostrou inibição no crescimento de alguns dos microrganismos que
são descritos na cavidade oral de serpentes, os quais são: Salmonella enterica (36,4%-
1000µg/mL; 12%-30µg/mL), na sua maior e menor concentração, respectivamente; para
Staphylococcus aureus (19%-125µg/mL; 17%-60µg/mL; 14%-30µg/mL) e para Klebsiella
pneumoniae (15%-60µg/mL; 19,1%-30 µg/mL). Espera-se, com este estudo, que os
resultados alcançados possam gerar novos conhecimentos acerca do potencial antiofídico de
espécies vegetais utilizadas na Amazônia. Bem como, validar o uso popular da espécie em
estudo, retornando um conhecimento científico à população.