DINÂMICA DO CARBONO E NITROGÊNIO DISSOLVIDOS NA REGIÃO DO BAIXO RIO AMAZONAS
Concentrações. Fluxos. Maré. Balanço de Massa.
O rio Amazonas tem papel importante no transporte e processamento de nutrientes em direção ao oceano. Contudo, existe uma lacuna no entendimento deste rio como uma via de ligação entre o ambiente terrestre e marinho devido aos poucos na região do baixo Amazonas, a qual é influenciada pelo ciclo de maré semidiurno. Aqui, concentrações e fluxos de carbono e nitrogênio dissolvidos foram mensurados, de Óbidos até os dois últimos canais bem definidos do rio Amazonas, canais norte e sul (próximo a Macapá), durante o período de 2014 a 2017, por meio de seis expedições. As concentrações de COD, CID e NTD foram determinadas por meio de absorção infravermelha gerada após combustão a 690°C. As frações inorgânicas de nitrogênio foram determinados por calorimetria em sistema por injeção em fluxo automatizado. As concentrações de NOD foram obtidas pela diferença entre a fração NTD e as frações inorgânicas (nitrito, nitrato e amônio). Concentrações de COD e NOD, no canal principal do rio Amazonas e seus tributários de águas claras, são influenciadas principalmente pela entrada de material alóctone, variando entre 2,6 a 5,3 mg. L-1 e 0,01 a 0,29 mg N.L-1, respectivamente. Quanto ao CID e NID, a variação de suas concentrações médias foi menos uniforme, quando comparada as frações orgânicas dissolvidas, variando de 1,1 a 5,9 mg.L-1 e 0,01 a 0,21 mg N.L-1, respectivamente. De Óbidos a Almeirim, tendências de diminuição das concentrações médias de COD foram observadas nos períodos de maior vazão e vazante, com balanços de massa negativos (ΔF%= -9% ~ 106 kg.s-1 e ΔF%= -12% ~ 125 kg.s-1, respectivamente). No que se refere ao CID, diminuição em sua concentração média foi observada no período de menor vazão, acompanhado de sumidouros não contabilizados (ΔF% = -47% ~ 206 kg.s-1). De Almeirim a foz, reduções das concentrações de COD e CID são observadas apenas no período de menor vazão, com balanços de massa positivos para ambas as frações (ΔF%= +30% ~ 156 kg.s-1; e ΔF%= +170% ~ 408 kg.s-1, respectivamente). Variações longitudinais de NOD foram observadas apenas no período de vazante, acompanhadas de sumidouros não contabilizados de Óbidos a Almeirim (ΔF%= -42% ~ 13 kg.s-1) e fontes não contabilizadas (ΔF%= +94% ~ 17 kg.s-1) de Almeirim a foz. Quanto ao NID, variações longitudinais foram observadas apenas entre a estação de Almeirim e a foz, durante os períodos de enchente e maior vazão, acompanhadas de balanços positivos nos fluxos (ΔF%= +11% ~ 6 kg.s-1 e ΔF%= +67% ~ 2 kg.s-1, respectivamente). Estimou-se um fluxo médio de 59 Tg C.ano-1 e 2 Tg N.ano-1, em suas formas dissolvidas, em direção ao oceano.