A UFOPA foi criada pela Lei nº 12.085/09, de 05 de novembro de 2009 a partir da incorporação dos campi da UFPA e UFRA, situados em Santarém, com o propósito de ampliar a missão de interiorização e de integração do ensino superior na Região Amazônica. Considerada enquanto Universidade da Integração Amazônica, ela apresenta um objetivo estratégico de repensar e ampliar a formação acadêmica e a produção de conhecimento científico na região.
Assim, pensadas sob uma ótica relacional, as áreas de formação da UFOPA partem, sobretudo, da integração entre diversos saberes como marco central de sua constituição, colocando para si o desafio de serem diferenciadamente interdisciplinares. Neste contexto, a Arqueologia apresenta uma assinatura interdisciplinar particular, pois, se entendida como o estudo das sociedades humanas do passado e de seus processos adaptativos socioambientais a partir de vestígios materiais, ela se apoia em elos recíprocos entre História, Ecologia, Antropologia e Geologia. Este aspecto da Arqueologia por si só já define uma afinidade estratégica com o projeto da Instituição.
Para entender melhor essa relação e sua relevância é necessário compreendermos um pouco mais o que é Arqueologia Amazônica. Os primeiros vestígios da ocupação humana na região remontam há mais de 12 mil anos, podemos falar então de uma História Cultural da Amazônia. Isto implica que quando se fala em História Natural da Floresta Tropical observa-se reciprocamente uma História Cultural da Floresta. Assim, a Arqueologia Amazônica é a história antiga dos povos indígenas modificando a natureza e sendo modificados por ela. É a história de um processo recíproco da relação cultura-natureza, que permitiu que centenas de milhares, talvez milhões, de pessoas vivessem dentro de seus limites, sobretudo nos últimos 3.000 anos quando se observa uma intensificação da ocupação humana. O estudo arqueológico das ocupações e sociedades amazônicas não termina em 1500, as novas ocupações e transformações culturais a partir desta data nos levaram a uma nova configuração da sociodiversidade amazônica que também faz parte do escopo da arqueologia.
Estudar Arqueologia Amazônica, portanto, é um caminho para se entender como as sociedades viveram adaptadas ao bioma amazônico até 1500, modificando–o sem exauri-lo. Isto quer dizer em uma palavra: sustentabilidade. Arqueologia Amazônica é a história da sustentabilidade humana na floresta tropical. Os graves problemas socioambientais que as Sociedades Amazônicas atuais e o Estado Brasileiro enfrentam para desenvolver adequadamente a região nos indicam que as lições históricas de sustentabilidade não estão sendo ouvidas. A Amazônia não está estudando o seu próprio passado humano. Uma sociedade sem história, sem memória, é obrigada a inventar-se do nada sem considerar o meio ambiente em que se insere. As populações indígenas e tradicionais amazônicas da atualidade tão pouco estão sendo ouvidas, mas são elas que, em grande parte, ainda possuem informações sobre esse “viver sem destruir”.
Falar em meio ambiente é falar na história das sociedades que construíram essas paisagens, ambientes estruturados pelas ações e ideias humanas ao longo de milhares de anos. Desta forma, estudar Arqueologia na Amazônia é um meio de planejamento estratégico para orientar a sustentabilidade da sociedade atual e futura na floresta tropical. Neste quadro, a maior lacuna é a inexistência de um processo consolidado de formação acadêmica endógena em Arqueologia na região. Ou seja, a formação de quadros profissionais na Amazônia é bastante frágil.
As demandas crescentes de um mercado de trabalho para a Arqueologia na região, sobretudo vinculadas ao licenciamento ambiental das centenas de obras de infraestrutura, públicas e privadas, atreladas ao Processo de Aceleração do Crescimento nacional, em que pesem hidroelétricas, mineração, agronegócio, etc., vêm sendo preenchidas por profissionais de fora da Amazônia formados igualmente fora dela. Neste ponto, se insere de maneira estratégica um Bacharelado em Arqueologia dentro da UFOPA contribuindo na formação de uma primeira geração de arqueólogos nativos, bem como, oriundos de outras regiões interessados nas questões amazônicas. Todos dedicados a investigar o passado das diversas “Amazônias” e de aplicar as orientações derivadas desses estudos na resolução dos problemas do presente, dentro e fora da região. Desta maneira, olhando para o passado estaremos refletindo sobre modos mais inteligentes de nos relacionarmos com a diversidade socioambiental amazônica.
Mesmo tendo um forte viés para a arqueologia regional, o Bacharelado em Arqueologia da UFOPA foi pensado para preparar seus egressos de maneira que possam atuar em qualquer vertente principalmente, mas não somente, da Arqueologia Brasileira e Latino-Americana.
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