A CALIGRAFIA DE DEUS: AS FORMAS DE SUBALTERNIDADE QUE PERMEIAM O CONTO DE MÁRCIO SOUZA
Subalternidade. A Caligrafia de Deus. Colonialidade.
A pesquisa intitulada A caligrafia de Deus: as formas de subalternidade que permeiam o conto de Márcio Souza tem como objetivo geral analisar como a subalternidade instaurada na sociedade colonizada se transforma em elementos estéticos que estruturam e formam o conto analisado. Considerando que tal subalternidade pode se apresentar em configurações diversas, desde aspectos físicos à discursos, buscamos investigar neste estudo quais são as formas, com base em estereótipos e relações intraenredo, que estão presentes ao longo da narrativa, ajudando a constituir personagens e trama. Partindo dessa premissa, esta dissertação propõe a análise em três partes que resultarão em capítulos. O primeiro capítulo será voltado para os conceitos teóricos, que auxiliarão no estudo da subalternidade como elemento que atua na organização interna da obra, enfatizando a questão da colonialidade e a hierarquia dentro dos grupos subalternos, incluindo a questão de cultura e identidade. A finalidade deste capítulo será contextualizar o recorte que se pretende fazer e apresentar os indícios encontrados ao longo do conto para corroborar as teses. O segundo capítulo, que aqui está sendo apresentado, traz uma análise das formas de subalternidade no contexto feminino, com base no estudo das personagens mulheres que são apresentadas no conto. Buscamos apontar como alguns estereótipos atribuídos à mulher na sociedade contribuem para a subalternização feminina; e, de que maneira isso se dá na construção da narrativa de Márcio Souza. Por fim, o último capítulo terá como objetivo investigar a questão da subalternidade na condição masculina, analisando os personagens homens em circunstâncias de marginalização, iguais às das mulheres, em um ambiente colonial. Como arcabouço para a pesquisa pretendida, a metodologia leva em consideração os estudos de Antonio Cândido (2006) sobre a dialética entre literatura e sociedade, onde elucida acerca do fator externo se tornar interno à obra. No argumento teórico, recorremos à Gayatri Spivak (2010) e Antonio Gramsci (2007) para falar de subalternidade; Aníbal Quijano (2005) fundamenta os estudos sobre colonialidade; Homi K. Bhabha (1998) e Silviano Santiago (2000) são os norteadores para tratar a questão da identidade e cultura; sobre o feminino, temos como base bel hooks (2022) e Djamila Ribeiro (2020), que discutem o lugar de fala das mulheres na sociedade, além de Eliane Potiguara (2018), que dá voz às condições da mulher enquanto indígena.