POLÍTICAS E SUBJETIVIDADES DO NÃO HUMANO EM JULIO CORTÁZAR
Homem. Animal. Máquina antropológica. Julio Cortázar.
Este estudo pretende investigar a presença do não humano na literatura de Julio Cortázar a partir da obra Bestiário (1951). Com base nas reflexões de Gabriel Giorggi, Giorgio Agamben, Félix Guattari, Gilles Deleuze e Michel Foucault, busca-se afirmar o animal em Cortázar como a instância que questiona o estatuto do humano, definido pela "máquina antropológica del humanismo" (AGAMBEN, 2006, p. 63), segundo critérios antropocêntricos, tendo em vista raça, etnia, sexualidade, linguagem, racionalidade e integridade genética. Nessa direção, constatar-se-á, no universo literário de Cortázar, o homem, vinculado a determinadas formas de indigência, posicionando-se frente à sua animalidade, não apenas para interrogar as tecnologias de poder sobre a vida, mas também para suscitar formas alternativas de sujeito. Em suma, observar-se-á a construção de novas economias, tanto de vida quanto de morte, novas gramáticas corporais e subjetividades além dos sujeitos através do animal, na condição de signo virtual e agenciador de devires, constituindo, assim, territórios não cartografados do pós-humano.