DIVERSIDADE MICROBIANA E ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE EXTRATO DE PRÓPOLIS DE TRÊS ESPÉCIES DE ABELHAS SEM FERRÃO DO OESTE DO PARÁ, AMAZÔNIA, BRASIL
Antagonismo. Propriedades antimicrobianas. Própolis de abelhas sem ferrão. Diversidade microbiana. Compostos naturais.
A Floresta Amazônica, com sua vasta riqueza biológica, representa uma fonte valiosa de compostos naturais promissores para o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas. Diante do avanço da resistência bacteriana aos antibióticos convencionais, cresce a necessidade de alternativas eficazes para o tratamento de infecções. A própolis, amplamente utilizada em práticas medicinais tradicionais, possui uma complexa composição química que a destaca como uma possível fonte de novos agentes antimicrobianos. Este estudo objetivou caracterizar a microbiota e avaliar o potencial antimicrobiano da própolis de diferentes espécies de abelhas sem ferrão do oeste do Pará, especialmente Trigona pallens, Tetragona clavipes e Scaptotrigona depilis. A metodologia incluiu a coleta e o preparo das amostras de própolis, seguida do isolamento e identificação de bactérias e fungos por meio de cultivos específicos. A identificação das cepas bacterianas foi realizada com base em testes bioquímicos e coloração de Gram, enquanto os fungos filamentosos foram identificados através de análises macro e microscópicas. Para avaliar o efeito antimicrobiano, foram conduzidos testes de antagonismo e a determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) e da Concentração Bactericida Mínima (CBM), conforme as normas do Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI). Os resultados revelaram uma microbiota diversa na própolis, com destaque para os gêneros Corynebacterium e Bacillus, que demonstraram significativa atividade antagonista contra patógenos como Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa e Escherichia coli. Observou-se que os extratos de própolis apresentaram elevada eficácia antimicrobiana, com variações conforme a espécie de abelha e a concentração do extrato, sendo a concentração de 50% a mais eficaz contra S. aureus e E. coli, enquanto P. aeruginosa apresentou maior resistência. Além disso, os fungos filamentosos isolados, dos gêneros Fusarium e Conidiobolus, exibiram atividade antagonista, sugerindo a presença de metabólitos secundários com propriedades antimicrobianas. A análise estatística apontou diferenças significativas entre os tratamentos, destacando o potencial antimicrobiano da própolis como fonte natural de novos compostos contra infecções resistentes. A conclusão do estudo reforça o potencial biotecnológico da própolis de abelhas sem ferrão, apontando-a como uma fonte viável para novos compostos antimicrobianos. A diversidade microbiana encontrada nas amostras de própolis não apenas corrobora sua eficácia contra patógenos, como também destaca a importância de estudos que explorem as influências regionais e ambientais sobre a composição química e atividade biológica da própolis. Esses achados sublinham o papel essencial das abelhas na conservação da biodiversidade amazônica e indicam que a própolis pode oferecer soluções inovadoras e sustentáveis para o combate à resistência antimicrobiana, contribuindo, assim, para o desenvolvimento de novos tratamentos e terapias.