O ensino das literaturas africanas de língua portuguesa na escola: rompendo silêncios e construindo novas práticas em sala de aula
Literaturas africanas de Língua Portuguesa; Contos de Moçambique; Escola; Lei 10.639/2003
Esta pesquisa tem o intuito de investigar o silenciamento dos saberes negros em uma escola da rede pública de ensino do estado do Amapá, no norte do Brasil. Está vinculada ao contexto do Mestrado Profissional em Letras- PROFLETRAS/UFOPA e visa problematizar acerca do ensino das literaturas africanas de língua portuguesa nos anos finais do Ensino Fundamental, mais precisamente nas turmas de 9º ano. A pesquisa dialoga com a lei 10.639/2003, Lei 1.196/2008 e com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (2004) e com autores da literatura afro-brasileira e africana. O objetivo principal da pesquisa foi investigar se/e como o ensino das literaturas africanas de língua portuguesa é desenvolvido no 9º ano do Ensino Fundamental na escola, bem como apresentar uma proposta pedagógica de inclusão de textos literários africanos. Com o intuito de concretizar tal objetivo, foram desenvolvidos um conjunto de procedimentos metodológicos, que foram os seguintes: uma abordagem bibliográfica e documental, um diagnóstico envolvendo direção da escola, coordenação pedagógica, docentes de língua materna dos anos finais do Ensino Fundamental e estudantes de uma turma de 9º ano também da escola lócus da pesquisa. Após a coleta e análise de dados da pesquisa diagnóstica foi confirmado o silenciamento do ensino de literatura africana de língua portuguesa na escola e a escassez de textos literários afro-brasileiros. Na sequência foi desenvolvida a intervenção a partir de um conjunto de contos moçambicanos em uma turma de 9º ano. Esse processo teve receptividade positiva pelos (as) participantes. Foi possível detectar que docentes e gestores têm pouco conhecimento sobre as leis que obrigam o ensino das literaturas afro-brasileira e africana nas escolas (leis 10639 e lei 1196/2008), bem como constatou-se uma deficiência na formação dos docentes em relação a Educação para as Relações Étnicos-Raciais. Em relação aos discentes, evidenciou-se um silenciamento acentuado em relação ao contato com obras de escritores africanos, afro-brasileiros e quilombolas indicando um epistemicidio. Portanto, a inserção de uma proposta pedagógica como uma possibilidade de rompimento deste silenciamento, por meio dos contos de Moçambique trabalhados na escola constitui um meio efetivo de implementação da Lei 10.639/03, da Lei 1.196/03 do estado do Amapá e da própria Educação Antirracista.