MODOS DE COMER, MODOS DE VIVER: UM ESTUDO A PARTIR DAS FAMÍLIAS DA OCUPAÇÃO URBANA VISTA ALEGRE DO JUÁ EM SANTARÉM, PARÁ
Amazônia; Ocupação espontânea; Políticas Públicas; Segurança Alimentar e
Nutricional; Vulnerabilidade Social.
A pesquisa parte do entendimento de que o acesso à alimentação adequada é um direito
humano fundamental, previsto em legislações nacionais e internacionais, mas que ainda não é
plenamente garantido a amplas parcelas da população, especialmente em contextos de
vulnerabilidade social e ambiental. O objetivo foi analisar o nível de (in)segurança alimentar e
os fatores associados na ocupação Vista Alegre do Juá, em Santarém-Pará. A abordagem
adotada foi a qualiquantitativa, um estudo analítico misto, fundamentada no método dialético.
Realizou-se através de entrevistas aberta e fechada in loco a partir de questionários com fichas
individuais elaboradas, juntamente com observações, dados estatísticos de outros estudos a
fim de comparação e documentos oficiais para compreender a realidade vivida por essas
famílias. Os resultados indicam que a insegurança alimentar é agravada pela precariedade da
infraestrutura urbana, pela ausência de políticas públicas efetivas, pela instabilidade no acesso
a recursos naturais e pelas desigualdades socioeconômicas. Fatores como saneamento básico,
acesso à água potável, renda, escolaridade e densidade domiciliar mostraram-se diretamente
relacionados à vulnerabilidade alimentar. Além de retratar a situação local, a dissertação
contextualiza o fenômeno da insegurança alimentar no Brasil e na região Amazônica,
discutindo sobre políticas públicas desenvolvidas ao longo das últimas décadas, como
Programa Bolsa Família, Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e Sistema
Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan). O estudo também apontou os efeitos
da desarticulação de políticas sociais no agravamento da fome. Dessarte, a insegurança
alimentar na região estudada não decorre da escassez de alimentos, mas da negação de
direitos básicos. O trabalho reforça a importância da atuação do Estado e da sociedade civil na
promoção de políticas públicas integradas, voltadas para inclusão social, sustentabilidade e
garantia da dignidade humana.