Composição da dieta e estratégia alimentar de larvas e juvenis de Plagioscion squamosissimus Heckel, 1840 (Teleostei, Sciaenidae) em rios de águas claras e turvas na Amazônia
Ambiente natural, alimentação, larvas de pescada-branca, sazonalidade, zooplâncton
A transição da alimentação na fase inicial dos peixes é considerada crucial para a sobrevivência em virtude das mudanças ocasionadas pelo desenvolvimento e pela flutuabilidade de recursos disponíveis no ambiente. O estudo tem como objetivos: (i) descrever as mudanças ontogenéticas do hábito alimentar de larvas e juvenis de P. squamosissimus capturados nos rios Amazonas e Tapajós, e (ii) avaliar a variabilidade na composição da dieta e estratégia alimentar entre os tipos de águas (claras e turvas) e ciclo hidrológico (enchente, cheia, vazante e seca) dos rios. Os indivíduos analisados foram capturados ao longo do canal dos rios Amazonas e Tapajós, no estado do Pará, em amostragens realizadas apenas durante o período noturno e em diferentes fases do ciclo hidrológico, utilizando-se redes de plâncton (larvas) e rede de arrasto de margem (juvenis). Foram analisadas até o momento 145 larvas de P. squamosissimus (2,01 a 19,25 mm de CP). A dieta foi composta principalmente por microcrustáceos Copepoda (Calanoida e Cyclopoida) e Náuplio de Cladocera. Entretanto, o tamanho da presa e a diversidade de itens alimentares aumentaram com o comprimento larval. Diferenças significativas na alimentação foram encontradas entre os dois tipos de águas dos rios, estágios de desenvolvimento e entre as fases do ciclo hidrológico. As larvas capturadas no rio Amazonas, independente dos estágios de desenvolvimento, alimentaram-se principalmente de Calanoida durante as quatro fases do ciclo hidrológico. Indivíduos capturados no rio Tapajós apresentaram variabilidade dos itens alimentares entre os estágio de desenvolvimento e fases do ciclo hidrológico, consumindo preferencialmente náuplio de Cladocera por indivíduos em pré-flexão na cheia, enquanto cladóceros adultos se tornam as presas principais dos espécimes maiores de pescada, com maior consumo de Bosmina longirostris na seca e Bosminopsisdeitersi na enchente. Portanto, há variação espacial, sazonal e ontogenética na dieta das larvas de pescada. Esses resultados constituem o primeiro banco de dados sobre os hábitos alimentares de larvas de P. squamosissimus na bacia do rio Amazonas, e podem auxiliar no entendimento dos fatores que atuam e interagem durante as primeiras fases do ciclo de vida, e por isso deve ser estendido a outras espécies de peixes nestes cursos d’água. Diante dos resultados observa-se a importância dos estudos de ecologia alimentar durante a fase larval das espécies de peixes, uma vez que, se torna importante compreender os processos associados ao ambiente e ao desenvolvimento larval.