Prevalência e Fatores de Impacto da Exposição a Agrotóxicos Sobre a Saúde da População Rural
Agroquímicos. Qualidade de Vida. Perfil de Impacto da Doença
A exposição a agrotóxicos representa um desafio significativo para a saúde pública, especialmente em comunidades rurais que convivem diretamente com práticas agrícolas intensivas. A realidade do oeste do Pará apresenta especificidades e regionalizações importantes ao observar as comunidades rurais. O objetivo principal da pesquisa foi avaliar através de um questionário e escalas/testes parâmetros de saúde a prevalência de possíveis alterações na saúde da população rural nas zonas rurais em regiões do oeste do Pará. A pesquisa foi observacional, transversal, com análise quali-quantitativa e amostragem não probabilística, realizada em comunidades rurais da região de expansão da fronteira agrícola de soja, perto da cidade de Santarém no Pará. Os dados foram coletados por meio de questionário estruturado e escalas funcionais, avaliando características epidemiológicas, hábitos diários e condições de saúde, como: função cognitiva, sensibilidade e a qualidade de vida. A mobilização comunitária ocorreu por busca ativa, e as coletas foram realizadas em locais previamente definidos (Tipizal, Belterra e Guaraná). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), contou com a participação de indivíduos que assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE). Os resultados foram analisados por meio de estatística descritiva para caracterizar os dados epidemiológicos, e correlações foram realizadas utilizando testes estatísticos para avaliar associações entre perfil familiar, características pessoais e os possíveis impactos da exposição a agrotóxicos aos parâmetros de saúde analisados. Os resultados obtidos foram que a maioria dos participantes é do sexo feminino (81,5%), residindo principalmente na comunidade Tipizal (44,4%). Em relação ao tempo de moradia, 74,1% vivem no local há mais de 10 anos, indicando estabilidade residencial. Quanto ao nível de escolaridade, prevalece o ensino fundamental incompleto (44,4%); A análise estatística indicou associação significativa entre a faixa etária e a ocorrência de sintomas (p = 0,031), sendo os indivíduos com até 30 anos aqueles que mais relataram manifestações clínicas após as pulverizações; Ao analisar fatores de qualidade de vida, como ansiedade e depressão, observou-se uma associação significativa com a residência (p = 0,0391): Tipizal destacou-se pela maior proporção de indivíduos sem sintomas (10/12), enquanto Belterra, apresentou mais casos moderados (4/9), e Guaraná registrou os únicos relatos extremos (2/6).