CONCENTRAÇÃO DE MERCÚRIO EM PUÉRPERAS E NEONATOS RESIDENTES NAS CIDADES DE SANTARÉM E BELTERRA, PARÁ
Biomonitoramento; Puérperas; Amazônia; Intoxicação; Metais pesados.
Introdução: O mercúrio (Hg) é um elemento químico que pode ser encontrado na natureza na forma orgânica, inorgânica e metálica. Atualmente, este metal figura entre os principais agentes contaminantes da Amazônia, devido ao seu uso intensivo na extração de ouro. Essa prática tem provocado a contaminação de solos, rios e, por consequência, afetado diretamente a saúde humana. A intoxicação de seres humanos por Hg ocorre principalmente por meio da exposição alimentar, principalmente pelo consumo de peixes contaminados com metilmercúrio (MeHg), um dos compostos de Hg mais tóxicos para os seres vivos. Mulheres em idade fértil, gestantes e fetos são considerados os mais vulneráveis à contaminação, uma vez que o MeHg pode atravessar a barreira placentária e afetar o sistema nervoso central do feto, ocasionando problemas severos. Objetivo: Avaliar se as concentrações de Hg em gestantes e neonatos, atendidos pelo sistema público de saúde da cidade de Santarém e Belterra, encontram-se dentro dos limites estabelecidos como seguros. Procedimentos metodológicos: Trata-se de um estudo seccional com perfil descritivo-analítico, realizado nos anos de 2023 e 2024, por meio de pesquisa de campo e laboratorial. O universo amostral foi composto por 131 participantes (Santarém, n=100 e Belterra, n=31), utilizando amostras de cabelo, unhas, placenta (maternas), cordão umbilical e sangue do cordão umbilical (neonatos) como biomarcadores para análise de Hg. As coletas de amostras biológicas e aplicação do questionário biosóciodemográfico iniciaram somente após aprovação do CEP/UFOPA sob o CAAE: 94880318.9.0000.5168 e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) por parte das participantes. Resultados e Discussão: constatou-se que 92% das puérperas de Santarém e 87,1% das de Belterra estão sob potencial risco dos efeitos do MeHg na saúde dos recém-nascidos. Considerações finais: Esses achados representam um sinal de alerta relevante quanto ao grau de exposição dessas mulheres, especialmente considerando os potenciais efeitos adversos do Hg sobre o desenvolvimento neurológico do neonato, decorrentes da transferência placentária e da exposição via amamentação. Os resultados reforçam a necessidade de estratégias específicas de monitoramento e intervenção, com foco na redução dos riscos à saúde materno-infantil em populações vulneráveis da região amazônica.