Exposição Humana a Contaminantes Ambientais: Estudo de Metais e Metaloides na Região Metropolitana de Santarém, Oeste do Pará.
Contaminante. Metais, Metaloides. Exposição Ambiental. Biomonitoramento.
A exposição humana a contaminantes ambientais tem se tornado pauta para muitas discussões, tanto no meio acadêmico como social, visto que representa um grave problema de saúde ambiental. Objetivou-se, analisar a exposição humana a metais e metaloides em populações residentes em comunidades rurais na Região Metropolitana de Santarém, situada no oeste do estado do Pará. O método utilizado foi um estudo de caráter descritivo e transversal, realizado na região do planalto, em três municípios: Belterra, Mojuí dos Campos e Santarém, nas comunidades de Boa Sorte; Bom Jardim, Guaraná, Tipizal e Ponta de Pedras (comunidade de controle); São Francisco da Volta Grande e Centro de Belterra, com a participação de 165 residentes destas comunidades. Foram aplicados formulários de dados sociodemográficos e realizadas coletas de amostras biológicas (sangue) para quantificar os níveis de 11 elementos por Espectrometria de Massa com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-MS). Como resultado, verificou-se que o perfil sociodemográfico foi predominante de mulheres (77,0%), adultos na faixa etária de 30 a 59 anos (57,6%), casados, com ensino fundamental incompleto, com renda familiar de até um salário mínimo, residindo há mais de dez anos na região. A análise sanguínea do nível de metais e metaloides, mostrou que o zinco (Zn), selênio (Se), lítio (Li), cobre (Cu) e chumbo (Pb) manifestaram as concentrações mais elevadas. A comparação dos níveis encontrados com dados da literatura científica indica relevância de investigar as fontes de exposição para esta população. Quanto aos sintomas clínicos, verificou-se que os mais frequentes, com intensidade moderada a grave, foram irritação nos olhos e cansaço excessivo, além de tontura e dor de cabeça. Constatou-se que o sintoma fadiga apresentou associação estatisticamente significativa com os níveis de lítio nas amostras coletadas. O sintoma dor de estômago mostrou diferença significativa quando relacionado aos níveis de chumbo no sangue, visto que os participantes com maior nível desse metal no sangue, apresentaram sintomas mais leves, comparados com os que apresentaram sintomas graves. Verificou-se diferenças estatísticas significativas nos níveis de cobre, manganês, chumbo e zinco entre os sexos. As mulheres apresentaram uma mediana mais elevada para cobre e manganês; os homens apresentaram uma mediana significativamente mais alta para chumbo e zinco. Também se verificou associações significativas e positivas entre as idades dos participantes e os níveis de cádmio, chumbo, selênio, zinco e mercúrio no sangue, indicando uma tendência de aumento de concentrações desses metais com o avanço da idade dos participantes. Analisando a distância das moradias das plantações, como requisito para exposição aos contaminantes, observou-se que quanto mais perto é a moradia das plantações, há um aumento dos níveis de arsênio, cobre, lítio e selênio. Tendo a comunidade Ponta de Pedras como comunidade controle, os resultados demonstraram que seus comunitários apresentaram níveis mais elevados de mercúrio e arsênio, em comparação com as demais comunidades. Em contrapartida, essa comunidade apresentou níveis mais baixos de cobre, lítio e manganês. Quanto aos sintomas clínicos, em Ponta de Pedras, o sintoma de dor de estômago ocorreu em graus de ausente a moderado, diferente das demais comunidades, que apresentaram maior prevalência de casos classificados como moderados a graves. O principal achado deste estudo foi evidenciar que a proximidade das residências com as áreas de cultivo agrícola está diretamente associada ao aumento das concentrações sanguíneas de arsênio, cobre, lítio e selênio entre os moradores, sugerindo que as atividades agrícolas constituem uma importante via de exposição a esses elementos para as comunidades do entorno.