POPULAÇÕES RIBEIRINHAS E A COVID-19: HÁBITOS CULTURAIS E ACESSO AOS SERVIÇOS DE SAÚDE
Saúde Coletiva. Hábitos culturais. Ribeirinhos. Covid-19.
Durante o período de pandemia global da Covid-19 decretado pela Organização Mundial de Saúde, os hábitos culturais coletivos e pessoais de cuidado voltados à saúde foram mais incisivos já que o acesso aos serviços de saúde nesses tempos costuma ser mais dificultosos, seja pelo fato da grande demanda e da superlotação em espaços hospitalares, seja pelo medo de estar em um ambiente com provável presença do novo Coronavírus. Neste sentido, a problemática fenomenológica que buscamos investigar visa responder a questão científica: as práticas culturais de saúde coletiva desenvolvidas por comunitários ribeirinhos da região do Baixo Amazonas antes e durante a pandemia permitiram o controle da doença provocada pelo novo Coronavírus ou pelo menos dos sintomas provocados por ele? Assim, o objetivo geral de nossa pesquisa foi o de investigar as práticas culturais de saúde coletiva desenvolvidas por comunitários ribeirinhos da região do Baixo Amazonas antes e durante a pandemia que permitiram ou não o controle da doença [Covid-19] provocada pelo novo Coronavírus e/ou dos sintomas provocados por ele. Os objetivos específicos foram o de identificar quais as principais formas de acesso aos serviços de saúde pelos moradores de comunidades ribeirinhas da região do Baixo Amazonas, no norte brasileiro, durante a pandemia da Covid-19; analisar quais os hábitos culturais e práticas alternativas foram utilizadas pelos comunitários para a prevenção e tratamento dos sintomas da Covid-19; perquirir junto às comunidades quais hábitos culturais foram e são praticados por elas para lidar com doenças virais do tipo H1N1, Febre Amarela, Dengue, Chikungunya, Zika, Covid-19 na ausência de ação do poder público. Os locais de realização da pesquisa foram as comunidades ribeirinhas de Vila Vieira e Vila Barbosa, de região de várzea localizadas na margem direita do Rio Amazonas, no município de Óbidos, na região Oeste do Estado do Pará. Os procedimentos metodológicos para a imersão nas comunidades, investigação, coleta de informações, análise de dados e evidenciação de resultados foram concentrados no método da história oral. A principal forma de acesso aos serviços de saúde nessa região é indo a uma unidade de saúde da zona urbana, exigindo descolamento do morador ribeirinho via transporte fluvial. Durante a pandemia, porém, os comunitários optaram por permanecer em suas comunidades e buscar os serviços de assistência à saúde apenas em casos urgentes. Neste contexto de pandemia e acesso aos serviços de saúde, os hábitos culturais de uso de saberes tradicionais se configuraram como alterativa à minimização de sintomas gripais leves no período da pandemia. A experiência com outras doenças virais do tipo H1N1 pode ter influenciado na prática da medicinal tradicional, com utilização de produtos naturais específicos para este fim. Outrossim, pesquisa destaca o impacto positivo e a eficácia desses hábitos culturais na contenção de doenças infecciosas como gripe, e proteção da comunidade. Isso ressalta a importância de integrar tanto práticas tradicionais quanto medidas modernas de prevenção para garantir a saúde pública, principalmente aos mais vulneráveis, principalmente no período pandêmico.