SOBRE NARRAR E APRENDER: CONTAR HISTÓRIAS NA VIDA, NA ESCOLA E NA TELA
Contação de Histórias; Patrimônio Narrativo; Arte; Escola; Educação Infantil; Educação na Amazônia.
Como a prática de narrar histórias atrela-se à educação? Que significa contar histórias na escola? Qual a real participação da narrativa no processo de desenvolvimento global da criança? Que histórias a escola de Educação Infantil propõe? Como as histórias migram para a tela e incidem sobre a consciência pedagógica? Qual a razão de tanto entusiasmo e confiança em torno da eficácia formativa da Contação de Histórias? Quais possibilidades, limites e dificuldades se colocam para esta atividade em contextos educacionais? As perguntas estão fundamentadas em uma tese basilar: a Contação de Histórias é uma atividade cultural de função artística e de base socioeducativa. Desse modo, a pesquisa tem como objetivo compreender a função educacional da Contação de Histórias para a educação escolar, com ênfase na Educação Infantil, e contribuir com a ampliação da consciência pedagógica para as necessidades, especificidades e consequências de sua efetivação, o que nos leva à necessidade de apreender o estado de percepção social da Contação de Histórias que se faz dentro e fora da escola. Por isso, buscamos produções em três contextos: publicações editoriais (40 trabalhos), produções acadêmicas (186 trabalhos) e criações audiovisuais em circulação na internet (215 vídeos no Youtube). O material levantado, possibilitou observar um encadeamento: a narração [prática social] torna-se campo de interesse acadêmico – uma parte desses trabalhos ganha repercussão no mercado editorial – o espaço virtual passa a divulgar estudos, livros e práticas de contar – ganha força a produção audiovisual com propostas de narração incluindo: leituras, performances, dramatizações, paletoches, fantoches, áudio-leitura, história cantada e a narração de voz e memória – a escola se torna o principal destinatário dessas produções. Todos os trabalhos apresentam a atividade de contar histórias como uma prática importante, necessária, viável, fundamental, agregadora, eficaz, rica de ludicidade, aprendizagens, de vivências positivas e comprometidas principalmente com: a formação do leitor, a educação das emoções, o desenvolvimento do pensamento crítico, o prazer de aprender, a liberdade imaginativa, o autoconhecimento de si, a trajetória individual de sucesso, a estimulação cerebral e até mesmo com a cura médica. Diante disso, identificamos uma crescente abordagem subjetivista que tem levado a Contação de Histórias à banalização do seu emprego dentro e fora da escola, arcando com o enfraquecimento da massa crítica em seus usos e aplicações, convertendo-a em panaceia e desviando-a de sua vocação estética real, enquanto arte da palavra que se conta de viva voz, memória e presença; e que não precisa ter outra finalidade que não seja o seu gesto maior, o próprio contar; e que tem na riqueza do patrimônio de narrativas produzidas pelas sociedades humanas uma significativa contribuição de conteúdos à educação escolar e seu papel que é democratizar o conhecimento. Por hora, a exposição se lançará sobre três discussões/ensaios: a) a análise dos levantamentos editorial, audiovisual e produções acadêmicas; b) as intercorrências pedagógicas do ato narrativo entre quem narra e quem ouve; c) a revisão crítica da proposta Narração Dialógica com Projeção Epistêmica-NDPE e suas implicações à educação que se faz na Amazônia.