DENDROCRONOLOGIA E CORRELAÇÃO CLIMÁTICA DE ÁRVORES DE Bertholletia excelsa Humb. & Bonpl. (LECYTHIDACEAE) OCORRENTES NA FLONA TAPAJÓS, PA
mudanças climáticas, anéis de crescimento, castanheira-do-Brasil.
Não há estudos que investiguem a influência das mudanças climáticas sobre a Bertholletia excelsa Humb. & Bonpl. na região Oeste do Pará. Pesquisas voltadas para a dendrocronologia desta espécie apontam a anualidade da formação de seus anéis de crescimento, porém, essa característica pode variar de acordo com o ambiente no qual os espécimes estão localizadas e sua carga genética. O objetivo do presente estudo foi analisar a formação dos anéis de crescimento de indivíduos de Bertholletia excelsa para verificar a influência de variáveis climáticas sobre o seu crescimento. Para isso, foram selecionadas para a coleta 14 árvores da espécie, provenientes de um castanhal nativo localizado no Km 85 da BR 163, das quais foram retiradas de forma não-destrutiva três amostras (baguetas) para análise. As amostras passaram por secagem e polimento, com o intuito de torná-las aptas às análises macroscópicas, contagem e mensuração dos anéis de crescimento. As séries obtidas foram intercorrelacionadas e passaram por controle de qualidade no software COFECHA até o alcance da correlação crítica à 99% de confiança. As séries selecionadas foram correlacionadas com dados locais de temperatura média (ºC) e pluviosidade (mm) obtidos na estação meteorológica de Belterra/PA com o auxílio de pacotes do software R. A variação dos dados de temperatura da superfície do mar foram sobrepostos a cronologia máster obtida no COFECHA para a verificação das possíveis influência do El niño - Oscilação Sul sobre o desenvolvimento da espécie. Verificou-se que a madeira de Bertholletia excelsa apresenta anéis de crescimento distintos que possibilitaram sua contagem e mensuração e o controle de qualidade das séries proporcionou uma intercorrelação significativa. A correlação com as variáveis climáticas locais indicou que a precipitação do mês de dezembro prévio influencia positivamente o crescimento da espécie e a temperatura afetou negativamente no mês de julho corrente. A cronologia máster apresentou, de modo geral, tendências de decréscimo nos anos após a ocorrência de El niño. Portanto, conclui-se que o crescimento em diâmetro da população de Bertholletia excelsa avaliada responde às variações climáticas locais, bem como pode sofrer efeito negativo póstumo de secas induzidas por eventos de El niño.