Cianobactérias no Baixo Rio Tapajós, Amazônia, Brasil
Cianobactérias. Amazônia. Ambiente lótico. Água clara. Qualidade da água.
Florações de cianobactérias têm ocorrido no rio Tapajós, Oeste do Pará, Brasil. Este crescimento excessivo de cianobactérias potencialmente tóxicas tem sido registrado mundialmente, frequentemente associado a ambientes lênticos antropizados. O fenômeno é menos frequente em ambientes lóticos, e há escassez de investigações referentes ao tema na Amazônia. O presente estudo objetivou analisar a dinâmica espacial e sazonal de cianobactérias em amostras de água, coletadas em escala mensal durante 10 meses no rio Tapajós em cinco praias de uso recreacional e verificar a condição de balneabilidade e potabilidade quanto a cianobactérias. A riqueza em espécies de cianobactérias foi estimada pelo número de táxons por amostra e a análise quantitativa de cianobactérias foi efetuada pelo método de Utermöhl (1958). Registraram-se 22 táxons de cianobactérias distribuídos em 11 gêneros, destes Microcystis, Dolichospermum, Aphanocapsa, Lyngbya e Planktothrix apresentam espécies potencialmente produtoras de cianotoxinas. Durante todo o período amostrado foram encontradas cianobactérias na água e não foi encontrada variação espacial da riqueza e densidade populacional de cianobactérias. Por outro lado, foi constatada a diferença temporal na dinâmica de cianobactérias em que os maiores valores de riqueza e da densidade foram registrados durante o período de menor oferta de chuvas e durante as fases de vazante e águas baixas do rio. Sugerindo-se que, durante a estiagem e período de vazante e águas baixas, o efeito de revolvimento e ressuspensão de nutrientes, aliado a condições hidrodinâmicas do rio Tapajós, propiciam condições limnológicas favoráveis ao crescimento de cianobactérias, as quais podem ser intensificadas pelo uso e ocupação do solo desordenados. O período de alta temporada turística coincidiu com o momento em que houveram as maiores florações de cianobactérias. Além disso, água do rio Tapajós esteve inapropriada para o contato recreacional em 12% das amostras analisadas e, em 34% das amostras investigadas houve a possibilidade de contaminação humana via consumo de água em momentos de floração, pois esteve em desacordo com a normativa. Apesar da quantidade de cianobactérias medidas ter estado na maior parte do período de estudo em conformidade com os valores estipulados pela Legislação, a presença de gêneros potencialmente tóxicos representa uma ameaça silenciosa neste ambiente, e portanto, deve ser monitorada.