CONHECIMENTO, ACEITABILIDADE E ADESÃO À VACINAÇÃO CONTRA O PAPILOMAVÍRUS HUMANO (HPV) NO BAIXO AMAZONAS, AMAZÔNIA, BRASIL.
HPV, vacinação, pré-adolescentes, mulheres vivendo com HIV, câncer.
Existem cerca de 40 tipos de Papilomavírus humano (HPV) com tropismo pelo trato anogenital que podem causar lesões precursoras das neoplasias em diversos tecidos, incluindo as do colo do útero. O Ministério da Saúde do Brasil (MS), por meio do Programa Nacional Imunizações (PNI), iniciou em 2014 a vacinação contra HPV em meninas, estendendo em 2017 aos meninos. Além disso, em março de 2021 ampliou-se a vacinação contra o HPV de mulheres imunossuprimidas com até 45 anos, devido a importância de proteger ainda mais mulheres que vivem com HIV/AIDS (MVHA) e mais recente, em 2022, também para os meninos com faixa etária idêntica à de meninas. Este estudo objetiva avaliar a aceitabilidade e adesão à vacinação contra o HPV entre pais/responsáveis de pré-adolescentes meninas e meninos entre 9 a 14 anos e de mulheres vivendo com HIV/AIDS com até 45 anos em Santarém-Pará, Amazônia, Brasil. Trata-se de uma pesquisa transversal, analítica, em andamento, com aprovação ética sob o número 5.176.666, realizada por meio de questionário específico com perguntas abertas e fechadas para os dois grupos, no período de janeiro de 2022 a maio de 2023. Foram entrevistados um total de 284 sujeitos, dos quais 144 são pais/responsáveis de pré-adolescentes e 140 são mulheres vivendo com HIV/AIDS com até 45 anos. Quanto aos pais/responsáveis dos pré-adolescentes, do total entrevistado, 90,3% era do sexo feminino refletindo que a prática dos cuidados de saúde e no que diz respeito à vacinação dos pré-adolescentes são, em geral, praticados por mães ou avós. Observou-se que o conhecimento relacionado ao vírus é superficial, já que 91,6% (120/144) dos sujeitos desconhece o principal sinal indicativo de contaminação pelo HPV (verrugas anogenitais). Embora 54,9% dos pré-adolescentes tenham sido vacinados as meninas continuam sendo mais vacinadas que os meninos. Do total de vacinados com esquema completo (47/79), 76,6% (36/47) eram meninas e somente 23,4% (11/47) meninos. Já o público de MVHA com até 45 anos, 91,4% (128/140) declarou realizar seu tratamento para o HIV com regularidade, porém o conhecimento quanto à relação HPV e imunossupressão mostrou-se incompleto, uma vez que 50% (70/140) respondeu não saber que a imunossupressão é um dos principais fatores de risco para a infecção pelo HPV. Além disso, observou-se que 62,1% (87/140) não sabia que MVHA possuem até seis vezes mais chances de ter câncer do colo uterino e 86,4% (121/140) referiu não ter sido informada que poderia se imunizar contra o HPV desde março de 2021. Quanto a vacinação, 86,3% (120/140) não havia se vacinado, e da minoria que se imunizou, somente 36,8% (7/19) realizou o esquema preconizado. Ademais, 86,4% (121/140) delas não sabem quantas doses são necessárias à completude de seu esquema de vacinação. Além disso, 88,4% (122/140) declarou não ter recebido ações educativas com ênfase na importância desta vacinação específica no serviço de referência que a atende. Percebe-se que entre os dois públicos ainda há lacunas no conhecimento relacionado ao vírus que pode atrapalhar o processo de vacinação e impedir que ambos sejam beneficiados através do uso dos imunobiológicos contra o HPV ao não completarem seus esquemas vacinais.