A PESCA DE ACARI (Pterygoplichthys pardalis) EM SISTEMAS DE CO-MANEJO NA VÁRZEA DO BAIXO AMAZONAS, PARÁ, BRASIL
Pesca artesanal; planície inundável; gestão compartilhada
No Baixo Amazonas, a espécie Pterygoplichthys pardalis, popularmente conhecida na região como Acari, é uma das dez principais espécies das pescarias regionais e, por este motivo, esta pesquisa avalia a pesca desta espécie, identificando os principais fatores que influenciam as capturas nos sistema de co-manejo em comunidades de várzea do Baixo Amazonas, localizadas nos municípios de Santarém e Alenquer, Pará. Foi realizada pesquisa de campo nas comunidades Pixuna e Tapará Miri, no munícipio de Santarém e Salvação no município de Alenquer. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas, observação, monitoramento participativo da pesca e amostragem de espécimes de Acari. Os resultados indicam que a pesca de acari é importante tanto para o consumo quanto para a economia das famílias. As capturas ocorrem com mais frequência entre julho e novembro (período de vazante e seca) utilizando tarrafas. Os acaris, diferente da maioria dos peixes amazônicos, são comercializados vivos e em unidades. Na comunidade Salvação também é vendido em forma de farinha (piracuí) produzida artesanalmente. Os lagos de várzea são os principais ambientes de captura da espécie ao longo do ano. A pesca é influenciada pelas regras de manejo criadas pelas comunidades, pela demanda de mercado, pelo conhecimento do pescador e pela sazonalidade local. As localidades que possuem as regras de manejo mais rígidas, como a restrição de determinados apetrechos de captura, são aquelas que apresentam os estoques mais saudáveis. Os pescadores possuem conhecimento refinado, comparável ao conhecimento científico encontrado na literatura, sobre aspectos biológicos e ecológicos do Acari, sendo esse conhecimento plausível para o manejo sustentável da espécie. Tais resultados contribuem para o entendimento de como a pesca do Acari se desenvolve atualmente na área de estudo e podem auxiliar no manejo e na conservação deste recurso que é emblemático para o Baixo Amazonas.