O diálogo entre universidade e escola, em grande medida, foi/é marcado por relações verticalizadas. No intuito de desconstruir essa perspectiva relacional, o coletivo do Formazon/Iced/Ufopa vem num movimento de estabelecimento de relações horizontalizadas e democráticas com as escolas parceiras da educação básica, no âmbito dos projetos institucionais desenvolvidos. A presente tese de doutorado visa compreender os processos de desenvolvimento profissional contínuo no contexto das práticas de colaboração escola-universidade-escola no âmbito do Grupo Formazon, na esfera desse coletivo com vistas a responder o seguinte questionamento: como as práticas de colaboração escola-universidade-escola são promotoras de transformações das práticas educativas e de desenvolvimento profissional dos docentes envolvidos em projetos de parceria colaborativa universidade-escola? Tem como contexto investigativo as práticas de colaboração desenvolvidas nos projetos do Formazon vinculados à Procce e ao CNPq, especialmente entre 2019 e 2022. A pesquisa é de natureza qualitativa e está ancorada à Pesquisa Narrativa (CLANDININ; CONNELLY, 2011). Os participantes da pesquisa foram doze educadores de três parceiras que atuaram como colaboradores dos projetos. No processo de produção dos dados da pesquisa foram utilizados os seguintes instrumentos, nomeados por textos de campo: documentos, notas de campo, diário de pesquisa, entrevistas e fotografias. Considerando o processo analítico do material empírico, foi realizado por meio da Análise Textual Discursiva (ATD) (MORAES; GALIAZZI, 2016), com suporte do software IRaMuTeQ. Diante dos achados da pesquisa, defendo a seguinte tese: As experiências de colaboração escola-universidade-escola desenvolvidas no âmbito dos projetos do Formazon, constituídas em espaços e tempos de formação pautados em relações democráticas, horizontalizadas e de inclusão, são mobilizadoras da constituição de processos de desenvolvimento profissional contínuo, orientados para  a formação científica de educadores das escolas parceiras, de modo que, atuem para a ressignificação das práticas educativas e desenvolvimento de autonomia para a difusão das práticas de ensino pela pesquisa na Educação Básica. As relações democráticas, horizontalizadas e de inclusão constituídas entre a universidade e a escola contribuíram para a formação de lideranças sustentáveis nas três escolas investigadas, compromissadas com a promoção da educação científica na educação básica. Os estudos desta tese permitem afirmar que, as práticas colaborativas escola-universidade-escola proporcionaram relevantes contribuições para o desenvolvimento profissional contínuo dos professores, bem como para o desenvolvimento institucional da escola. Argumento a favor da necessidade de investimento em pesquisas futuras que incluam os participantes da universidade, bem como, aquelas que interessadas em aprofundar sobre movimentos de sustentabilidade da parceria escola-universidade, de modo que, se amplie e qualifique o desenvolvimento da autonomia dos educadores das escolas para a promoção da educação científica na Amazônia santarena.

O presente trabalho é resultado de uma pesquisa de doutorado que trata da gestão da educação de tempo integral no município de Santarém/Pará no período de 2005 a 2020 e teve como objetivo geral analisar as implicações da Nova Gestão Pública na gestão da educação de tempo integral na rede municipal de ensino Santarém/PA no período de 2005 a 2020, considerando suas aproximações e contradições. O percurso metodológico é conduzido com base na concepção materialista histórico-dialética, abrangendo levantamento e estudo teórico de artigos, livros, dissertações  e teses, pesquisa documental com análise de normativas legais e documentos institucionais (relatórios de gestão, dados estatísticos, projetos político-pedagógicos entre outros) especialmente os oriundos da Secretaria Municipal de Educação de Santarém e, ainda, consultas em portais públicos (Inep, Portal da Transparência da Prefeitura de Santarém e IBGE). Os resultados demonstram que a Nova Gestão Pública é consequência da reestruturação do estado frente às mudanças do modo de produção capitalista, o que demandou uma nova forma de administração do serviço público, e caracterizou-se como a introdução de princípios e métodos da gestão privada na gestão pública. Em Santarém, identificou-se que a educação de tempo integral se materializa de duas formas: a escola de tempo integral e o aluno de tempo integral e que a ampliação da jornada está fortemente atrelada à execução de programas do governo federal, os extintos Programa Mais Educação e Programa Novo Mais Educação. Como iniciativas do poder público municipal tem-se as três escolas de tempo integral: Irmã Dorothy Mae Stang, Frei Fabiano Merz e Escola Antônio Pereira da Silva e as três escolas que trabalham com atividades complementares de educação ambiental e artes: Escola da Floresta, Escola de Educação Ambiental Escola do Parque, Escola de Artes Prof. Emir Hermes Bemerguy. Quanto à gestão gerencial, verificamos que foi implementada na rede de ensino de Santarém especialmente por meio da parceria do Instituto Ayrton Senna com a Prefeitura de Santarém e pela efetivação dos Programas Mais Educação e Novo Mais Educação. Apesar das especificidades, contradições e aproximações, ambos estão em consonância com o ideário gerencialista e partem de uma concepção de educação conduzida e voltada ao mercado.

As tecnologias ocupam cada vez mais espaços na vida moderna, transformando as relações humanas na educação, trabalho, comunicação, dentre outros aspectos. Por isso, é importante discutir qual é o papel desses artefatos para a sociedade e como deve ser o seu uso, sobretudo considerando os desafios educacionais da Amazônia. Assim, este trabalho tem como objetivo investigar como as Tecnologias Digitais (TD) e o Pensamento Computacional (PC) podem ser articuladas como um suporte teórico-prático para a Formação Inicial de Professores no contexto amazônico. Para tanto, os estudos foram baseados em teóricos como: Freitas (2008, 2010) sobre Tecnologias Digitais; Wing (2006, 2009), Blikstein (2008) e Brackmann (2017) quanto ao Pensamento Computacional; Formação Docente na visão de Gatti (2016) e Nóvoa (1992); Teles (2017) e Silva e Mascarenhas (2018) acerca da Educação na Amazônia, dentre outros. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de cunho exploratório, na qual são propostos dois cursos de formação, o CF1 e o CF2. O CF1, desenvolvido numa turma do curso de Licenciatura em Informática Educacional, funcionou como teste-piloto para validar a proposta de dez atividades, nas quais buscou-se articular conteúdos relacionados às TD e ao PC com conteúdos sobre Formação Docente e Educação na Amazônia. Para o curso CF2, foram feitos os ajustes necessários, conforme os resultados do pré-teste, e aplicado com graduandos de algumas licenciaturas do Instituto de Ciências da Educação da Universidade Federal do Oeste do Pará. Além disso, os cursos serviram para proposições sobre como o uso emancipatório das TD e os princípios do PC podem ser desenvolvidos na formação inicial, considerando o contexto amazônico. Como resultados, vale destacar: a validação da importância de formar professores capazes de utilizar tecnologias de forma emancipatória e inclusiva, e não alienadora; a possibilidade de aplicação dos princípios do PC por parte dos docentes em formação no processo de ensino e aprendizagem; o desenvolvimento de um constructo teórico inicial como uma base de ação epistemológica para a Formação Inicial de Professores, dentre outros.

Esta Carta-Tese em Educação na Amazônia ousou no seu objetivo geral construir uma teoria de EcoUniversidade Pan-amazônica com fundamentos culturais, socioeconômicos e ambientais junto as(aos) egressas (os) de graduação (2010-2023) do Instituto de Natureza e Cultura (INC) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), localizado na microrregião do Alto Solimões na fronteira Brasil, Peru e Colômbia. Para isso, alcançamos os objetivos específicos: i) criar uma epistemologia que considere o ser biocultural em suas práticas sociais, ambientais e culturais e uma teoria de educação para o bem-viver indígena e o viver-bem não indígena; ii) desenvolver um método de pesquisa considerando o sentir/cosmosentir, o saber/cosmovisão e do viver bem/bem-viver; iii) verificar o reconhecimento do ser indígena e a diversidade étnica e sociocultural nos documentos oficiais relacionados a temática; iv) conhecer e analisar o perfil pessoal, étnico, acadêmico-profissional de egressas(os) de graduação, e suas percepções, impressões e perspectivas quanto à Educação Superior e a Universidade; v) elaborar um conceito de EcoUniversidade com as produções das oficinas ecoculturais. Este estudo de caso qualitativo trata de objeto transdisciplinar, com bases crítico-decolonial (FREIRE,1969; WASH, 2015), meta-epistemologia contextual (VARGAS, 2022), filosofia da complexidade (MORIN, 2000), filosofia do bem-viver (ACOSTA, 2016; KRENAK, 2000) e ecoculturalidade (BRAULE; BRASILEIRO, 2021). O método de tessitura humano-ecológica criado nesta Tese Doutoral norteou o estudo bibliográfico, documental e empírico desde às premissas da ecoculturalidade. O estudo de campo ocorreu em duas fases: 1ª) aplicação do questionário survey I à população de 1.321 egressas(os) com 453 respondentes, gerando uma amostra inicial; 2ª) aplicação de questionário survey II, círculos de conversa, entrevista semiestruturada e oficinas ecoculturais com grupo amostral de 28 participantes a partir dos respondentes, mediante critérios de inclusão/exclusão, com equivalência de curso, indígena e não-indígena e gênero. Estes percebem sua Universidade como campo de múltiplos seres e saberes, contudo, ainda necessita da escuta e valorização dos saberes locais; também conceituam Ecouniversidade como Universidade Ecocultural de multimundos em conexões culturais, ambientais e epistêmicas. Assim, defendemos a Tese da Ecouniversidade Pan-amazônica como campo da Educação Superior e das Ciências com a missão de cultivar o saber nas relações ecoculturais para o “viver bem” e o “bem-viver” entre os povos que a constituem.

O estudo objetivou analisar as ações indutoras de educação integral implementadas no município de Belterra/PA no período de 2009 a 2020. A educação aqui é compreendida no movimento histórico da sociedade e na perspectiva da Pedagogia Histórico-Crítica (PHC). Nos procedimentos metodológicos foi realizado o levantamento, seguido de análise de estudos que discutem as políticas públicas educacionais e a relação de tempos e espaços educativos relacionados à Educação Integral. A análise documental para a apropriação dos aspectos teóricos da política, a estrutura organizacional, o financiamento, a estrutura técnico-pedagógica, institucionais, operacionais e legais dos programas e projetos das ações indutoras de educação integral por meio da legislação, de planos (nacionais e municipais), documentos advindos do domínio público, de dados estatísticos, censitários, disponíveis em sites do MEC, do Inep, do IBGE, relatórios da Fapespa, do Observatório do PNE, Todos pela Educação, Educacenso. A pesquisa empírica documental revelou que em Belterra foi implementado o Programa Mais Educação (PME) em 2012 e, a partir do ano de 2016, o Programa Novo Mais Educação (PNME) entra em contradição com uma das características próprias da educação, uma vez que, para a aprendizagem acontecer, é necessária a continuidade. A educação integral desenvolve-se no município de Belterra por meio de ações pontuais, voltadas ao ensino fundamental II (5° ao 9° ano) trabalhando na perspetiva da ampliação do tempo de permanência do aluno na escola, sem levar em conta as reais condições organizacionais, pedagógicas e estruturais da realidade em que se insere, ferindo, assim, o preceito defendido pela PHC, de que a educação para ser integral deve se dar em todas as etapas da escolaridade do individuo em um processo contínuo e permanente, em que a ampliação do tempo precisa considerar a ampliação nos preceitos formativos.  Acreditamos que a educação integral não pode ser limitada a ações pontuais e sem o suporte de uma teoria pedagógica. Neste sentido,  defendemos a seguinte tese: A educação integral requer ações permanentes e o suporte de uma teoria pedagógica. Assim, a pedagogia histórico crítica, por se voltar para a formação omnilaterial e emancipadora, constitui alternativa para que se concretize a educação integral Os resultados demonstram que os programas indutores de educação em  tempo integral da rede pública municipal de Belterra apresentam falta de continuidade nas ações e ausência de uma teoria pedagógica que possa levar a uma educação integral na perspectiva da formação emancipadora, omnilateral, tal como anuncia a Pedagogia Histórico-Crítica. Dessa forma, acreditamos que seja possível superar as lacunas, com a efetivação de uma política pública focada na educação integral, para além da ampliação da jornada escolar. E na qual a PHC constitua referencial das ações desenvolvidas a partir dos programas.