UM REFÚGIO EM MEIO AO CAOS: O PROCESSO DE IMERSÃO LINGUÍSTICA DOS WARAO EM SANTARÉM
Língua, Warao, imersão.
O mundo sempre foi um lugar de muitas línguas, mas nem sempre essa diversidade foi respeitada. Ainda assim, ela se impõe. No Brasil, não é diferente. Em alguns lugares, como na Amazônia brasileira, as línguas indígenas estão presentes massivamente, confirmando que o país nunca foi monolíngue. O fluxo migratório recente acentua essa diversidade. É o que tem ocorrido em relação ao povo Warao, que tem saído de seu território, por conta da crise que assola a Venezuela. Muitos têm escolhido como destino Santarém, município localizado no oeste do Pará. Atualmente, 32 famílias Warao moram em um abrigo municipal de Santarém. Muitas dificuldades existiram desde a chegada dos Warao. Em meio a essas questões, a questão linguística está inclusa, já que os imigrantes falam uma língua distinta da que é prioritariamente falada em Santarém. Assim, passam por um processo de imersão linguística ao conviverem em uma cidade que, prioritariamente, fala português. A partir do exposto, o objetivo deste trabalho é analisar como se dá o processo de imersão linguística dos indígenas Warao em Santarém. Para alcançar tal objetivo, procedimentos foram seguidos: revisão bibliográfica, submissão do projeto ao comitê de ética, visita ao abrigo e à escola onde estudam os Warao, construção de questionários, escolha de participantes, finalização do questionário, aplicação e análise. Com a execução do projeto, foi possível compreender que o processo de imersão dos Warao se dá de maneira não planejada, visto que o município não estava preparado para tal contexto e tenta se adaptar à realidade. Além disso, a imersão é marcada por um processo que inclui improvisos que se transformam em aprendizados, isso ilustra os primeiros contatos entre os falantes de Warao e os falantes do português em Santarém, sendo os primeiros anos os mais difíceis, pois pouco se sabia sobre a língua e sobre o povo, com o tempo, com a experiência, houve uma melhora no acolhimento, facilitando, em relação aos primeiros anos de chegada, esse processo de imersão. Ademais, foi possível verificar que as dificuldades linguísticas, apresentadas no processo de imersão, não são as mesmas para todo o grupo pesquisado, há casos distintos, dificuldades de diversas ordens e níveis. Por fim, a pesquisa cumpre com o objetivo traçado e alerta que a investigação não encerra neste trabalho, mas que há um contexto que precisa ser compreendido para que uma planificação de processos seja construída a partir da realidade apresentada.