ASPECTOS BIOFÍSICOS E DE CICLO DO CARBONO EM DIFERENTES BIOMAS TROPICAIS
Biomas Tropicais, Eddy Covariance, Fluxo de Carbono, Balanço de Energia.
Este estudo analisou, de forma integrada, os fluxos de energia, as taxas de evapotranspiração (ET) e os parâmetros biofísicos em diferentes biomas tropicais, por meio de medições com a técnica de covariância de vórtices turbulentos (Eddy Covariance). O objetivo foi avaliar como esses ecossistemas respondem às mudanças climáticas e às variações sazonais. Os períodos de observação foram: Amazônia (2009 - 2011), Caatinga (2014 - 2015), Cerrado (2004 - 2006) e Pantanal (2015 - 2016). Os resultados indicaram que os fluxos de carbono nos ecossistemas tropicais brasileiros são fortemente influenciados pela sazonalidade climática, disponibilidade hídrica e pelas características estruturais de cada bioma. Na Amazônia, a temperatura média do ar (Ta) foi de 25 °C e a precipitação média anual foi de 2.221 mm, com ET de 3 mm dia⁻¹ e produção primária bruta (GPP) de 5,0 gC m⁻² dia⁻¹. A floresta manteve-se como sumidouro de carbono mesmo durante a seca, com eficiência no uso da água (WUE) de 2,1 gC kg⁻¹ H₂O. No Cerrado, a Ta variou entre 25 °C e 30 °C, com precipitação anual de 1.668 mm. A ET alcançou valores máximos de 5,3 mm dia⁻¹ na estação chuvosa, e a GPP foi a mais elevada entre os biomas, com média de 5,55 gC m⁻² dia⁻¹, caracterizando-se como sumidouro ao longo do ano. O Pantanal apresentou precipitação de 1.381 mm, ET média de 2,8 mm dia⁻¹ e GPP de 3,51 gC m⁻² dia⁻¹, com alternância entre sequestro e emissão de carbono, conforme o regime hidrológico. A Caatinga teve as temperaturas mais elevadas (cerca de 30 °C), com os menores valores de ET (0,25 mm dia⁻¹), GPP (1,93 gC m⁻² dia⁻¹) e precipitação anual (537 mm). Atuou predominantemente como fonte de carbono, especialmente durante a estação seca, em razão ao estresse hídrico e da baixa cobertura vegetal. Os biomas com maior disponibilidade hídrica, como a Amazônia e o Cerrado, apresentaram maior eficiência no sequestro de carbono por unidade de água transpirada (WUE). Já a Caatinga e o Pantanal, mais sujeitos à variabilidade hídrica, apresentaram menor WUE, especialmente nos períodos secos. Os resultados reforçam que, diante das mudanças climáticas, o comportamento desses ecossistemas tende a se modificar, o que pode comprometer seu papel como sumidouros de carbono. Assim, o monitoramento contínuo por meio de torres micrometeorológicas e o uso da técnica de Eddy Covariance mostram-se essenciais para entender e mitigar os impactos ambientais sobre esses biomas.