PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO E REPRODUTIVO DE MULHERES RIBEIRINHAS DA REGIÃO DO BAIXO TAPAJÓS, SANTARÉM, PARÁ: MÉTODOS CONTRACEPTIVOS E PLANTAS MEDICINAIS
Amazônia; Etnobotânica; região ribeirinha; práticas contraceptivas; flora medicinal; saúde da mulher
O planejamento familiar, um direito essencial, garante acesso a métodos contraceptivos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Contudo, mulheres em áreas isoladas enfrentam dificuldades de acesso a serviços de saúde, levando-as a utilizar plantas medicinais e conhecimentos tradicionais como alternativas contraceptivas. Desse modo, este estudo teve como objetivo geral analisar o perfil sociodemográfico e reprodutivo de mulheres adultas ribeirinhas em idade fértil que residem na região do rio Tapajós, Santarém, Pará, e identificar as práticas contraceptivas, inclusive relacionadas a plantas medicinais. Trata-se de uma pesquisa de campo, quantitativa, descritiva e exploratória, sendo aplicado questionários a 200 mulheres de 37 comunidades ribeirinhas diferentes, com foco em mulheres que utilizaram métodos contraceptivos entre 2010 e 2023, incluindo aqueles facilitados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e conhecimento tradicional. Os resultados revelaram que a maioria das mulheres depende de práticas contraceptivas tradicionais, além de métodos modernos. Aproximadamente 69,5% relataram o uso de preservativos masculinos ou femininos, enquanto 47,5% utilizavam anticoncepcionais injetáveis. Notavelmente, apenas 13,5% usavam plantas medicinais como método contraceptivo, indicando uma prática limitada. Desafios como a escassez de consultas médicas e crenças culturais influenciaram significativamente suas escolhas reprodutivas. Desse modo, ressalta-se a necessidade de políticas públicas que ampliem o acesso aos serviços de saúde reprodutiva, respeitando e integrando o conhecimento tradicional. A educação sobre métodos contraceptivos deve ser uma prioridade, promovendo escolhas de saúde informadas e conscientes entre as mulheres ribeirinhas. A integração de práticas tradicionais com sistemas de saúde modernos pode melhorar a qualidade de vida e os resultados de saúde reprodutiva dessas comunidades. Este estudo possibilitou uma visão abrangente sobre as práticas contraceptivas de mulheres ribeirinhas e destaca a necessidade de melhorar a disseminação de informações sobre métodos contraceptivos, apontando a importância de políticas públicas que não apenas ampliem o acesso a métodos modernos, mas também eduquem sobre saúde reprodutiva, respeitando o conhecimento tradicional.