PERCEPÇÕES DE GESTANTES SOBRE OS RISCOS DA EXPOSIÇÃO AO MERCÚRIO: UM ESTUDO QUALITATIVO NA AMAZÔNIA BRASILEIRA
Intoxicação Ambiental; Amazônia; Gravidez de Alto Risco; Cuidado Pré-Natal; Metilmercúrio
O Metilmercúrio (CH3Hg) é a forma mais prejudicial à saúde humana, é disponibilizado no ecossistema amazônico, principalmente, por meio desmatamento, queimadas, assoreamento do solo, atividades garimpeiras ilegais, atividades industriais, atividades de extração madeireira predominante, uso exacerbado da terra, implantação de usinas hidrelétricas, intensificando os efeitos causados intoxicação e contaminação do ambiente. Diante disso, grupos vulneráveis como gestantes, comunidades ribeirinhas e pescadores são grupos de risco em especial o grupo de mulheres grávidas devido os efeitos nefrotóxicos e comprometimento do desenvolvimento cognitivo ao feto, além disso, os efeitos da exposição mercurial vão além dos aspectos clínicos, perpassam os aspectos nutricionais, culturais e socioambientais comprometendo a lógica do bem-viver e o direito à saúde. Destarte, o presente estudo investigou as percepções das gestantes acerca da exposição ao mercúrio, suas fontes e impactos ambientais, explorando a relação entre seus hábitos alimentares, especialmente o consumo de peixe, e a contaminação por mercúrio, além de analisar as orientações recebidas durante o pré-natal nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), com foco nos riscos do mercúrio para a saúde fetal. Trata-se de um estudo exploratório, do tipo transversal, de campo com abordagem qualitativa, que foi realizado na região do Baixo Tapajós, Santarém (PA), nos anos de 2023 e 2024. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) sob o CAAE: 68121023.7.0000.017. O estudo envolveu 16 gestantes atendidas em Unidades Básicas de Saúde do município de Santarém-Pa, Das entrevistas, emergiram quatro categorias temáticas: : I- Mercúrio: Apreendendo conceitos de uma realidade desconhecida; II- Exposição e impactos na saúde materna, revelando preocupações sobre malformações fetais; III- Mudanças ambientais, relacionando alterações no território ao impacto da exposição: meu território é a minha história; IV- Segurança Alimentar: Transversalidades da Exposição mercurial. O estudo revelou que houve reduzida disseminação de informações durante o pré-natal acerca da temática do mercúrio para as gestantes, evidenciando a necessidade de ações educativas contínuas e integradas ao contexto loco-regional. A pesquisa revelou ainda o desconhecimento das gestantes sobre os riscos da intoxicação mercurial e suas implicações para a saúde materno-fetal, ressaltando a necessidade de incluir orientações acerca do consumo seguro de pescado nas consultas de pré-natais, evidenciou a relação das mudanças ambientais e a segurança alimentar em comunidades ribeirinhas, sugerindo a integração de ações educativas e nutricionais nas políticas públicas. Nesse interim, reforça-se a urgência de estudos longitudinais e políticas integradas em saúde, educação e meio ambiente a fim de mitigar os riscos em populações vulneráveis.