PERFIL CLÍNICO E EPIDEMIOLÓGICO DOS ACIDENTES POR ARRAIAS ATENDIDOS EM UMA UNIDADE DE SAÚDE DE ALTER DO CHÃO, SANTARÉM-PARÁ-BRASIL: AVALIAÇÃO DE UM APLICATIVO PARA NOTIFICAÇÕES DOS ACIDENTES
Animais peçonhentos. Potamotrygonidae. Saúde pública.
As arraias apesar de não serem agressivas são os peixes peçonhentos com maior
significância médica do mundo, por provocarem acidentes severos quando importunadas,
causando a impotência das vítimas afetadas por dias ou semanas. Na Região Amazônica,
principalmente entre comunidades tradicionais e ribeirinhas os acidentes por arraias sempre
estiveram presentes, apesar disso, esse grupo de animais é pouco estudado, com grande escassez
de estudos clínicos e epidemiológicos. No Brasil, os sistemas de notificação envolvendo
animais peçonhentos dão maior ênfase a acidentes por aracnídeos, serpentes e escorpiões, com
pouca informação direcionada às arraias. Assim, o objetivo deste estudo é determinar o perfil
clínico e epidemiológico dos acidentes causados por arraias atendidos em uma Unidade de
Saúde de Alter do Chão, Santarém-Pará-Brasil, e avaliar a usabilidade e funcionalidade de um
aplicativo desenvolvido para notificações de acidentes por arraias. Para isso, será realizado um
estudo restrospectivo e prospectivo do tipo quantitativo e descritivo. Os dados clínicos,
epidemiológicos e laboratoriais dos pacientes com diagnóstico de acidente por arraias atendidos
na Unidade de Saúde 24 horas de Alter do Chão, no período de janeiro de 2009 a janeiro de
2020, serão coletados de cadernos de procedimentos da Unidade e repassados para formulário
padronizado. Em adição, será avaliado o aplicativo Sistema de Notificação de Acidentes por
Arraais - SNAA mobile, quanto a sua usabilidade e funcionalidade, para a notificação dos
acidentes. Os resultados preliminares da coleta de dados na Unidade de Saúde 24 horas mostram
que, nos anos de 2009 a 2016 foram atendidos 391 casos de acidentes por arraias. Desse período,
nos anos de 2012 e 2015 foram registrardos os maiores números de ocorrências (60 e 79
acidentes, respectivamente), sendo setembro e dezembro os meses com maior número de casos
(72,4%). Os acidentes ocorreram em sua grande maioria no período diurno (41, 4%), e 68%
dos acidentados são oriundos de Alter do Chão, Comunidades vizinhas e Santarém. Pessoas do
sexo masculino (71, 4%) com idade entre 21 e 40 anos (45, 4%), formam o grupo mais afetado
por ferrada de arraias, a região anatônica mais atingida foi o pé (7,4%), a infecção esteve
presente em 1,8% dos casos que tiveram os sintomas relatados nos livros de procedimento. Os
atendimentos às vítimas foram relaizados majoritariamente por enfermeiros (63, 9%). Os
procedimentos mais adotados no tratamento foram a debridagem, o curativo e o uso de
medicamentos. Com este estudo, esperamos obter o perfil clínico e epidemiológico dos
acidentes causados por arraias que receberam atendimento na Unidade de Saúde 24 horas da
Vila de Alter do Chão, além de avaliar o software SNAA mobile, o que permite a notificação
dos acidentes, abrindo possibilidades para obtenção da estatística dos acidentes por arraias, afim
de, contribuir na melhoria do atendimento aos pacientes e na qualificação dos profissionais de
saúde, para um tratamento mais eficaz dos acidentados. Esperamos ainda, colaborar com as
futuras pesquisas no tema e com a Vila onde o estudo será realizado, divulgando o
conhecimento adquirido a mesma.