ESTRUTURA TAXONÔMICA E FUNCIONAL DAS ASSEMBLEIAS DE PEIXES NA VÁRZEA DO BAIXO RIO AMAZONAS
Biodiversidade, Planícies de inundação, Amazônia, Peixes
A heterogeneidade espacial e dinâmica sazonal da várzea do rio Amazonas sustenta sua alta diversidade e produtividade de peixes. Neste estudo foi investigado as relações entre as variações hidrológicas e os tipos de habitats com a composição e estrutura taxonômica e funcional das assembleias de peixes na várzea do baixo rio Amazonas. Amostragens de peixes foram realizadas em áreas de 440 habitats distribuídos entre lagos, canais, florestas e campos herbáceos durante os períodos de águas altas, vazante, águas baixas e enchente. A Cota do nível do rio, variáveis ambientais locais e características da paisagem também foram coletadas para analisar suas relacões com a estrutura das assembleias. Foram coletados 16.053 indivíduos distribuídos entre 194 espécies, 118 gêneros, 34 famílias e nove ordens. Análises de redundância indicaram que a composição e estrutura taxonômica e funcional das assembleias de peixes foram associadas à cota do rio, bem como com condições ambientais locais, da paisagem e espacial. Piscívoros, planctívoros e onívoros, assim como espécies com história de vida periódica e intermediária, foram mais fortemente associados com níveis altos da água. Durante níveis mais baixos da água, os herbívoros, invertívoros e detritívoros foram os grupos mais representativos, assim como espécies de tamanho corporal grande com história de vida de equilíbrio. As análises de NMDS e de dissimilaridade demostraram diferenças entre as composições tróficas dos habitats durante o período de águas altas, sendo que lagos e canais foram mais similares entre si e dissimilares de habitats de florestas e campos. Valores médios de biomassa em termos de CPUE de invertívoros, onívoros e piscívoros foram maiores na floresta, enquanto que de detritívoros e planctívoros em lagos, e herbívoros em campos. Os resultados sugerem que alterações no regime hidrológico natural e a degradação de habitats possivelmente impactam negativamente a estrutura taxonômica e funcional e a distribuicao da biomassa da fauna ictica na várzea. Desta forma, a manutenção dos regimes hidrológicos naturais e preservação dos mosaicos de habitats são essenciais para conservação da diversidade taxonômica e funcional dos peixes nesse ecossistema.