ATIVIDADE ANTI-PLASMODIAL DO EXTRATO HIDROALCÓOLICO DE Libidibia ferrea
Malária; jucá; fitoterápicos; Amazônia; saúde.
A malária é uma doença infecciosa e parasitária, que afeta milhões de pessoas nas regiões tropicais e subtropicais do mundo. No Brasil, a maioria dos casos estão na Amazônia Legal devido entre outros fatores, às condições favoráveis para a existência do vetor. A malária, doença causada por protozoários do gênero Plasmodium, é a protozoose de maior impacto no mundo. A resistência do Plasmodium falciparum a derivados de artemisina no sudeste da Ásia ameaça o controle da malária. É reconhecida a importância dos produtos naturais, incluindo aqueles derivados de plantas, no desenvolvimento de modernas drogas terapêuticas. Os medicamentos oriundos de substâncias naturais são capazes de tratar cerca de 80% das enfermidades que acometem a humanidade. Libidibia ferrea Mart. ex Tul. var. ferrea, é uma árvore que cresce em todo o Brasil, sendo encontrada, principalmente, na região Norte e Nordeste, sendo conhecida vulgarmente como jucá. O jucá (Libidibia ferrea), tem sido muito investigado do ponto de vista de suas diversas propriedades biológicas tais quais: anti-inflamatória, analgésica, anticancerígena, anti-úlceras, antioxidante e antimicrobiana. Neste contexto, a presente dissertação buscou avaliar a atividade anti-plasmodial in vitro do extrato hidro alcoólico de Libidibia ferrea Mart. ex Tul. var. ferrea (EHJ). A preparação do extrato hidro alcoólico de Libidibia ferrea foi realizada conforme AMÉRICO et al. (2020) adaptada de KOBAYASHI et al., (2015). A linhagem celular humana utilizada para análise de toxicidade foi WI-26VA4 (fibroblasto pulmonar ATCC CCL-75) cultivadas pelo método descrito por PEREIRA et al. (2012). Para o ensaio de citotoxicidade foi utilizado o método de MTT. Este teste consiste na avaliação colorimétrica rápida do crescimento de linhagens celulares in vitro. O ensaio baseia-se na redução do sal tetrazolato pela enzima succinato desidrogenase presente na mitocôndria das células eucarióticas viáveis, formando um cristal insolúvel em água conhecido como cristal de formazan. Ao solubilizar o cristal com um solvente orgânico, adquire uma coloração violácea que é avaliada por espectrofotometria. Para obtenção das fases intraeritrocitárias de Plasmodium falciparum, os parasitos da cepa W2 (cloroquina-resistente) foram cultivados em hemácias humanas in vitro sob condições estabelecidas por TRAGER & JENSEN (1976). Para o teste anti-plasmodial as culturas sincronizadas do P. falciparum com 0,5% de parasitemia em estágio de anel e 2% de hematócrito foram distribuídas em placa de 96 poços (180μL por poço). O composto testado foi adicionado (20μL) à placa-teste, em triplicata, e em diferentes concentrações seriadas de 50 a 0,20μg/mL. Nos testes realizados, a citotoxicidade foi registrada como a porcentagem de redução na absorbância. O extrato hidro alcoólico de Jucá não apresentou atividade citotóxica com valor de IC50 superior a 100 µg/ml. Na determinação do IC50 por teste anti-plasmodial o valor foi de 11,10 µg/ml. Além disso, obteve-se o índice de seletividade (IS) 9, que corresponde à relação entre as atividades citotóxicas e anti-plasmodial do extrato hidro alcoólico de Jucá. O extrato não apresentou atividade hemolítica em nenhuma das concentrações testadas. Em posse destes resultados, podemos concluir que o extrato de Jucá é um grande candidato para terapias alternativas no tratamento de malária. Podendo ainda realizar estudos complementares para reforçar os achados neste estudo.