A HETEROGENEIDADE DE BANCOS DE MACRÓFITAS AQUÁTICAS COMO PREDITOR DA ESTRUTURA ESPACIAL DA ASSEMBLÉIA DE SAPOS EM LAGOS AMAZÔNICOS
anfíbios, Anura, vegetação aquática, ecologia de comunidades, gradientes ambientais
Investigar os efeitos de gradientes ambientais na estrutura espacial de assembleias é relevante para entender os mecanismos e processos que afetam a biodiversidade. Os gradientes ambientais podem atuar como filtros ecológicos, limitando a ocorrência e a abundância de espécies, o que gera padrões não aleatórios de ocupação do habitat. A biodiversidade mediada pela filtragem ambiental emerge das relações entre gradientes ambientais e estimativas da diversidade α e β. Tais relações foram amplamente demonstradas em assembleias de sapos que ocupam florestas na Amazônia, mas raramente são avaliadas em ecossistemas não florestais, como bancos de macrófitas em lagos. Os bancos de macrófitas podem variar espacialmente em termos de largura, altura e composição das espécies em resposta aos parâmetros físico-químicos da água. Portanto, é razoável esperar assembleias de sapos espacialmente heterogêneas quanto à variação na estratificação vertical do habitat e no formato da planta. Neste estudo, amostramos 50 parcelas cobrindo 15 km2 de bancos
de macrófitos contínuos, para testar os efeitos da distância da margem do lago, profundidade da água, altura e composição das macrófitas (proporções de ocupação de morfotipos), pH, oxigênio dissolvido e temperatura na diversidade α de sapos e estimativas da diversidade β. Foram encontradas 16 espécies, cuja distribuição local não foi aleatória, mas caracterizada pela diversidade α afetada positivamente pela altura das macrófitas e diversidade β afetada pela altura e composição das macrófitas e profundidade da água. Nossos resultados sugerem a filtragem ambiental como um fator importante na estruturação de assembléias de sapos, mesmo em ecossistemas relativamente pequenos e regionalmente raros. Esses achados são altamente relevantes para a ecologia e conservação, pois sugerem que os bancos de macrófitas aquáticas devem ser considerados
unidades biogeográficas distintas dos habitats adjacentes.