Da gramática para o discurso: análise da construção “toma-te” falada na cidade de Santarém-PA
Item tomar. Funcionalismo. Construção toma-te.
Buscamos, neste trabalho, investigar a função que a construção “toma-te/lhe” desempenha no falar santareno. Esta pesquisa se enquadra na teoria funcionalista, pois “A língua é determinada pelas situações de comunicação real em que falantes reais interagem e, portanto, seu estudo não pode se resumir à análise de sua forma” (FURTADO DA CUNHA; TAVARES, 2007, p. 14). Para este trabalho utilizamos como procedimentos metodológicos: a) a coleta de dados, que foram registrados de maneira informal pelo Grupo de Estudos Linguísticos do Oeste do Pará – GELOPA, no período de 2020 a 2021. Foram registradas 51 (cinquenta e uma) ocorrências de usos do item tomar no contexto de fala santareno, sendo 42 (quarenta e duas) com a expressão “toma-te” e 9 (nove) com a variação “toma-lhe”; b) análise semântico-pragmático das ocorrências, na tentativa de entender o que estas formas expressam, qual a intenção comunicativa do falante ao se utilizar de tal construção no momento da interação, a isso chamaremos de função; e c) teste de percepção, que serviu para corroborar a hipótese que levantamos sobre os significados da construção em estudo. Reproduzimos situações reais em que o uso apareceu denotando as três possibilidades mais importantes que consideramos que as construções significam, a saber: contentamento com a infelicidade do outro, espanto/susto e felicidade. Os resultados preliminares apontam que a construção “toma-te/lhe” tem importante papel na interação dos falantes santarenos.