ESTUDO DE EGRESSOS DE MEDICINA E A ECOLOGIA MÉDICA NO CENÁRIO DA PANDEMIA DA COVID-19.
Formação médica. Processo saúde-doença. Humanização. Ciências Ambientais. Amazônia.
A pandemia da Covid-19 revelou o desconhecimento de um vírus que provocou colapso mundial declarado pela OMS (Março, 2020). Esta crise global sem precedentes forçou mudanças estruturais nos sistemas de saúde em busca de prevenção e cuidados a população, gerando questionamentos quanto às suas causas. Essa nova realidade ocasionou consequências também na formação dos profissionais de saúde, levando instituições de ensino superior a aprovar formaturas antecipadas a fim de incorporar esses profissionais na linha de frente do combate a Covid-19. A ciência que estuda as doenças e seus fatores relacionados ao ser humano, ao meio ambiente e seus desequilíbrios é a Ecologia médica (EM), cujos objetivos visam restaurar o equilíbrio entre esse ser humano e a natureza e tratar as patologias ocasionadas pela quebra desse equilíbrio. Neste sentido, esta pesquisa analisou a formação de egressos de medicina com formatura antecipada na Universidade do Estado do Pará (UEPA), a ecologia médica e os possíveis impactos/prejuízos frente ao cenário da Covid-19. Enquanto objetivos específicos, buscou-se: traçar o perfil desses egressos de medicina da UEPA (2020-2022), a partir de sua inserção prática em face a pandemia da Covid -19; analisar o currículo unificado do curso de medicina da UEPA e sua contribuição para uma formação mais humanizada; identificar a percepção da EM e seus princípios na formação dos egressos de medicina nos campi de Belém, Marabá e Santarém da UEPA; e, revelar os possíveis impactos/prejuízos no processo formativo desses egressos, em decorrência da formatura antecipada, e na prática profissional durante o enfrentamento à situação pandêmica. Realizou-se pesquisa bibliográfica, documental e empírica, com amostra de 49 participantes a partir de entrevista semiestruturada com 04 coordenadores e 08 docentes, e do questionário online aplicado à 314 egressos que tiveram formatura antecipada (2020, 2021 e 2022), obtendo-se 37 respondentes. A pesquisa é de abordagem quali-quantitativa, adotando a análise de conteúdo (BARDIN, 2011) e o método da triangulação (DENZIN, 2005), com aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Oeste do Pará. Quanto aos resultados, comprovou-se que o objeto de estudo se mostrou inédita, após revisão sistemática da literatura nas bases de dados SciELO, Portal de Periódicos e Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES, dada a ausência de publicação com os descritores “estudos de Egressos de medicina”, “Ecologia médica” e “Covid-19”. Quanto ao perfil dos egressos estudados, a faixa etária foi de 24 a 45 anos, sendo 26 anos (35%) a maior evidência; 62% deles anunciam ser do gênero feminino; 41% já estavam cursando Residência médica e 19% Especialização. Com relação a sua atuação no enfrentamento à Covid-19, a maioria era médico generalista (81%), e trabalhava no Pará (76%), desses 51% em sua capital, Belém, seguido de São Paulo (21%) e Paraná (3%), tendo como locais: hospitais (62%), UBS (19%) e Clínicas (15%); 46% atuavam somente no serviço público de saúde/SUS e 7% sistema privado, e 47% em ambos os sistemas. Ao serem questionados se o curso favoreceu uma formação médica humanizada, 92% dizem estar satisfeitos e/ou totalmente satisfeitos, e os Módulos que mais contribuíram foram Humanidades médicas (49%), GIESC (33%) e Internato em Clínica Médica (18%). Contudo, 78% deles dizem “Sim” para a ocorrência de impactos nos estágios do internato, com ênfase a ausência dos módulos Saúde Mental e Saúde Coletiva. Realidade corroborada por coordenadores e docentes que atuaram no internato com egressos que tiveram sua formatura antecipada devido a pandemia da Covid-19, pois, reduziu muito o campo de prática e o internato, que já eram escassos nisso, ficando ainda pior. Quanto aos prejuízios pela antecipação, há um certo equilíbrio entre as respostas: Não (51%) e Sim (49%), contudo, o objetivo proposto pela Portaria 374 do Ministério de Educação, aprovando a antecipação da formatura desses egressos, aumentou o número de profissionais da saúde para atuar imediatamente junto ao SUS e ao setor Privado.