MODELAGEM DE BIOMASSA E CARBONO DO COMPONENTE FLORESTAL EM SISTEMA INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA-FLORESTA A PARTIR DE CARACTERÍSTICAS DENDROMÉTRICAS E FÍSICO-QUÍMICAS OBTIDAS POR INTERVENÇÃO SILVICULTURAL
Serviço ambiental. Espécies florestais. Sistema de produção integrado. Sustentabilidade agroflorestal. Modelos matemáticos
O sistema integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) vem apontando indicadores de sustentabilidade, tais como a redução das emissões de gases do efeito estufa pela melhoria da qualidade das pastagens e, consequentemente pelo aporte de matéria orgânica, que aumenta a melhoria da qualidade do solo, refletindo em maior produtividade e bem-estar animal, garantindo a prestação de importantes serviços ambientais nas propriedades rurais. Neste estudo o objetivo foi realizar a modelagem de biomassa e carbono do componente florestal em um sistema ILPF a partir de características dendrométricas e físico-químicas obtidas por intervenção silvicultural. Em uma Unidade de Referência Tecnológica localizada no município de Mojuí dos Campos, Pará, que foi implantada em 2010 contendo três espécies florestais, sendo duas nativas do bioma Amazônia que são a Bertholletia excelsa (Castanha-da-Amazônia) e a Dipteryx odorata (Cumaru) e uma exótica que é a Khaya grandifoliola (Mogno africano), implantadas em talhões de 0,92 ha com espaçamento de 7 m x 5 m. Após o primeiro desbaste das árvores com características fenotípicas indesejáveis, realizado em 2021, foram avaliadas características dendrométricas e físico-químicas, além da modelagem de biomassa e carbono de cada componente florestal no sistema ILPF. As análises incluíram diâmetro à altura do peito (DAP), altura total (Ht), diâmetro de copa (DC), comprimento de copa (CC), área de projeção de copa (AC), percentual de copa (PC) e outros índices morfométricos. O teor de carbono foi determinado em folhas, galhos e fuste, enquanto a densidade da madeira (ρ) foi obtida em diferentes níveis de umidade (aparente, anidra e básica) com amostras de 85 árvores desbastadas, totalizando 425 discos de madeira. A biomassa foi calculada a partir do teor de umidade das folhas e galhos finos e pela cubagem dos galhos grossos e fuste. O carbono foi obtido a partir da biomassa e teor de carbono de cada compartimento da árvore. Com os dados de biomassa e carbono, foram ajustados seis modelos matemáticos, tendo DAP e Ht como variáveis preditoras. Critérios como coeficiente de determinação ajustado (R²aj.), erro padrão de estimativa (Syx%), critérios de informação de Akaike (AIC) e Bayesiano (BIC), índice de concordância de Willmott (d) e análise gráfica de resíduos foram usados para selecionar o melhor modelo. A espécie com maiores características dendrométricas foi K. grandifoliola, com (DAP = 32,98 cm e Ht = 27,17 m). A B. excelsa destacou-se por apresentar maior DC, com média de 24,04 mm e AC de 462,13 m². O maior teor de carbono está nas folhas de D. odorata (52,14%) e da B. excelsa (50,68%). Observa-se que o K. grandifoliola armazena o maior teor de carbono no fuste (49,01%). As densidades da madeira variaram entre espécies, com o D. odorata apresentando os maiores valores (ρ aparente = 0,99 g.cm⁻³; ρ anidra = 0,91 g.cm⁻³; ρ básica = 0,83 g.cm⁻³). O modelo de Spurr foi o mais eficiente, com R²aj.= 0,92, Syx% = 26,27 para biomassa, e R²aj.= 0,92, Syx% = 32,05 para carbono. Aos 11 anos, o componente florestal armazenou em média 254,25 kg (92,12 kg.ha⁻¹) de biomassa e 120,00 kg (43,48 kg.ha⁻¹) de carbono. A espécie K. grandifoliola apresentou os maiores estoques de biomassa (454,21 kg) e carbono (227,07 kg). Os resultados destacam a eficiência do sistema ILPF na captura e armazenamento de carbono, especialmente em plantios juvenis. As práticas silviculturais consolidam o sistema de produção pecuário, passivo de certificação por prestar importantes serviços ambientais, a partir da adoção de práticas sustentáveis na Amazônia.