IDENTIDADE DOCENTE QUILOMBOLA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: PERCEPÇÕES SOBRE SER PROFESSORA EM SEUS TERRITÓRIOS
Identidade docente, Professoras quilombolas, Educação Infantil, Educação Escolar Quilombola.
Apesar do avanço nas discussões sobre identidade docente no campo educacional, ainda são escassas as pesquisas que abordam essa temática a partir das percepções de professoras quilombolas, especialmente na Educação Infantil. Essa lacuna revela a invisibilidade das narrativas construídas por mulheres negras que exercem a docência em seus territórios, onde a prática pedagógica se entrelaça ao pertencimento comunitário e à resistência cultural. Diante desse cenário, esta pesquisa buscou investigar como professoras quilombolas de Educação Infantil percebem suas identidades docentes no contexto das escolas situadas em seus territórios. Os objetivos específicos incluem: identificar, sob o ponto de vista das professoras, aspectos de sua vida pessoal e profissional que influenciam a forma como se veem na docência que exercitam; compreender, na perspectiva das professoras, que identidades profissionais lhes são atribuídas por seus pares e pelas famílias das crianças; e analisar, sob a ótica das professoras, as especificidades da docência nesses contextos. Para a construção da Revisão de Literatura deste estudo, optou-se pelo recorte temporal de 2019 a 2024, nas bases de dados: Portal de Periódico da CAPES, SciELO Brasil e Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES. O aporte teórico conceitual que embasa este trabalho traz como principais fontes: acerca da identidade – Ciampa (1987;1989), Hall (2006) e Dubar (1997;2005); da identidade docente – Nóvoa (1992), Huberman (1995) e Pimenta (2009) e da identidade negra - Gomes (2003; 2019) e Munanga (2005; 2024). A pesquisa, de abordagem qualitativa, foi desenvolvida com duas professoras quilombolas de Educação Infantil, utilizando como procedimentos metodológicos o questionário e entrevistas narrativas e semiestruturadas. Os dados foram organizados e interpretados segundo os procedimentos da Análise de Conteúdo de Bardin (1977), o que permitiu identificar categorias que expressam dimensões pessoais, comunitárias e profissionais da identidade docente. Os resultados parciais indicam que as identidades profissionais dessas professoras são construídas a partir de suas trajetórias pessoais, vínculos comunitários e relações sociais estabelecidas no contexto escolar, revelando uma prática docente profundamente enraizada no território e comprometida com a valorização cultural e étnico-racial da comunidade. O estudo contribui para a área ao dar visibilidade às experiências de professoras quilombolas, ampliando o entendimento sobre a docência em contextos culturalmente específicos e oferecendo subsídios concretos para políticas e práticas formativas mais sensíveis à diversidade étnico-racial no âmbito da Educação Infantil.