FESTRIBAL DE JURUTI: UM INESGOTÁVEL ACONTECIMENTO DISCURSIVO NA AMAZÔNIA
Cultura. Festas populares. Discurso. Desenvolvimento. Juruti
O município de Juruti recentemente se destacou na região do Baixo Amazonas como uma potencialidade no campo da cultura pelo Festribal, como é comumente conhecido o Festival Folclórico das Tribos Indígenas de Juruti, que se consolida como tal desde 1995. Essa festa foi reconhecida como patrimônio cultural do estado do Pará em 2008 e possibilitou a inserção de Juruti no Mapa do Turismo em 2016, além de se promover como um evento de valorização dos povos indígenas e de posicionamento político quanto à preservação da Amazônia. Atualmente, vem ganhando força discursiva no campo econômico, como uma ferramenta capaz de gerar emprego e renda para a região, através do turismo. Sob uma abordagem discursiva e uma proposta metodológica inspirada em Michel Foucault, o objetivo da pesquisa é analisar os processos de emergência do Festribal de Juruti como vetor de desenvolvimento, a partir dos sujeitos envolvidos na organização e no financiamento da festa. Para essa análise, o estudo se divide em três dimensões que seguem o direcionamento da metáfora da arqueologia como procedimento de pesquisa. Sendo assim, a primeira dimensão descreve a estrutura do Festribal de Juruti em termos estrutura de apresentação, de organização e de financiamento atualmente, ou seja, a festa vista como é hoje, o que Foucault chama de superfície. A segunda dimensão aponta os marcadores temporais ou as superfícies de emergência que foram determinantes na consolidação do protagonismo do Festribal no cenário cultural de Juruti, que corresponde às “escavações arqueológicas”. A última dimensão aponta os conhecimentos sobre a Amazônia chamada de episteme, dentro do desenho metodológico de Foucault. Os estudos indicaram que dentro do lócus enunciativo há uma hibridação entre os sujeitos que construíram um conjunto de discursos a partir dos dados estatísticos, do turismo cultural, do imaginário amazônico e do estado como catalisador da cultura, que juntos possibilitam o Festribal de Juruti se materializar com um vetor de desenvolvimento local. Isso tudo mostra uma Amazônia contemporânea diversa, dialética e decolonial.