SISTEMA AGRÍCOLA INDÍGENA DO POVO ARAPIUN, ALDEIA CARUCI, MUNICÍPIO DE SANTARÉM, PARÁ
Agrobiodiversidade; Povos tradicionais; Soberania Alimentar; Amazônia.
No município de Santarém, região do Baixo Tapajós, são reconhecidos quatorze povos indígenas produzindo alimentos e resistindo a diferentes ameaças a seus territórios. Considerando a importância dos sistemas agrícolas tradicionais para a soberania alimentar dessa região, o objetivo deste trabalho foi analisar o Sistema Agrícola do Povo Arapiun da aldeia Caruci, Santarém, Pará, Brasil. A pesquisa foi realizada com famílias que residem na aldeia Caruci. Os dados foram coletados através de entrevistas abertas e semiestruturadas subsidiadas por um roteiro de perguntas pré-estabelecidas, observação direta e participante, caminhada transversal e elaboração de croquis do sistema agrícola junto com os (as) interlocutores (as) da pesquisa. Para as análises dos dados, foram utilizadas a) estatística descritiva e b) análise de conteúdo dos dados textuais, no qual foi utilizada a técnica de análise temática – categorial. O presente estudo evidenciou a importância dos sistemas agrícolas indígenas para a compreensão da relação entre práticas tradicionais, território e resiliência socioambiental na Amazônia brasileira. Os resultados apontam que, apesar das ameaças decorrentes do desmatamento, das queimadas e das mudanças climáticas, o sistema agrícola permanece resistente, configurando-se como um exemplo de permanência e adaptação. A transmissão dos saberes entre gerações continua orientando a produção agrícola, mesmo diante de intensas pressões externas. Essa resiliência reforça a importância da agricultura tradicional para a segurança alimentar e nutricional, bem como para valorização da cultura Arapiun. Na aldeia Caruci, a mandioca (Manihot esculenta Crantz) representa uma das principais fontes de subsistência das famílias, sendo essencial para a manutenção da base alimentar que integra sua cultura. A diversidade de variedades cultivadas reflete não apenas a importância desse alimento, mas também o profundo conhecimento do Povo Arapiun sobre os elementos da natureza, como o clima, o solo, a fauna e a relação entre plantas. Compreender o sistema agrícola Arapiun contribui para o fortalecimento da identidade indígena, além de reafirmar o reconhecimento do território e do saber-fazer tradicional como patrimônio imaterial, garantindo, assim, a preservação de seus direitos. Além disso, territórios indígenas necessitam de novos caminhos e mudanças significativas que garantam a autonomia, sustentabilidade e segurança alimentar das famílias e aldeias indígenas da Região do Baixo Tapajós, levando em conta também o benefício que esse sistema dá ao meio ambiente. Portanto, a pesquisa contribui para a ampliação do conhecimento científico sobre os sistemas agrícolas tradicionais e reforça sua relevância como referência para modelos sustentáveis de manejo na região amazônica.