Uso do território e dinâmicas territoriais na região da rodovia Santarém Curuá-una (PA 370): O exemplo da realidade da comunidade de Boa Esperança
Comunidade de Boa Esperança. Políticas de desenvolvimento da Amazônia. Modernização da agricultura capitalista.
A compreensão do processo de ocupação da Amazônia perpassa pela análise das políticas de desenvolvimento implementadas pelo Estado na região, a partir da década de 1960. No âmbito do conjunto de ações com foco, inicialmente, na integração nacional, a abertura de rodovias foi um subsídio necessário para o alcance dos objetivos propostos, além da formação de uma rede urbana como base logística de ocupação. Nesse contexto, surgem na região inúmeros núcleos populacionais, tanto induzidos quanto espontâneos, tal como a Comunidade de Boa Esperança, no município de Santarém, oeste do Pará. Nesse contexto, o presente trabalho tem como objetivo analisar as transformações no uso e ocupação do território na Comunidade de Boa Esperança, localizada em Santarém, região oeste do Pará, a partir da década de 1960 até 2020. Para tanto, realizou-se revisão bibliográfica, jornalística e documental e pesquisa de campo. A origem da comunidade de Boa Esperança relaciona-se à construção da PA-370 (Santarém-Curuá-Una) e da Usina Hidrelétrica Sylvio Braga, também conhecida como Hidrelétrica de Curuá-Una, obras resultantes das demandas de políticos locais. Constatou-se três fases em seu processo de desenvolvimento histórico e territorial: a) Extrativista; b) Formação e consolidação; Especialização da Produção e Agronegócio. Nesse processo de desenvolvimento, a comunidade passou por importantes transformações e inseriu-se na lógica da reprodução capitalista, e segue a tendência de um processo de urbanização e modernização de suas atividades produtivas inseridas em uma lógica capitalista de acumulação e concentração da riqueza socialmente produzida.