Diatomáceas (Bacillariophyceae) de sedimentos superficiais em lagos de inundação: subsídios ao monitoramento ambiental amazônico
bioindicadores, lagos amazônicos, qualidade de água
Os ecossistemas lacustres amazônicos se tornaram recentes alvos de impactos socioambientais, cuja integridade de sua biodiversidade hidrográfica vem sofrendo transformações imediatas ou de médio à longo prazo, repercutindo sobre o bem-estar da população e da qualidade da água. As diatomáceas são utilizadas como bioindicadores aquáticos em diversos países por suas frústulas silicosas permanecerem bem preservadas nos sedimentos, podendo fornecer o registro da qualidade ecológica dos ecossistemas aquáticos. No Brasil, estudos com esta abordagem estão restritos ao sul, e pouco expressivos em lagos amazônicos. Desse modo, o objetivo do estudo é registrar espécies de diatomáceas de sedimentos superficiais nos lagos Juá e Itapari, bem como suas preferências ecológicas a fim de investigar e propor espécie ou grupo de espécies bioindicadores da qualidade da água em lagos de inundação amazônicos. Foram realizadas coletas de sedimento superficial (cerca de 3 cm) durante campanhas amostrais no ano de 2021 nos períodos de enchente (janeiro a março), águas altas (abril a junho), vazante (julho a setembro) e águas baixas (outubro a dezembro) em 5 estações distribuídas no lago do Juá e 5 estações no lago Itapari, através de um coletor do tipo core e fixadas com formaldeído a 4%. Simultaneamente, efetuadas medidas in situ de parâmetros físico-químicos, além de profundidade e transparência da água. Adicionalmente, coletado um litro de água para a análises de amônia, nitrito, nitrato, fósforo total, sílica, DBO, clorofila a e turbidez em laboratório. As amostras serão analisadas segundo as técnicas convencionais no estudo de diatomáceas. Diante da carência de trabalhos realizados na região amazônica, é necessário o levantamento da diatomoflórula depositada em sedimentos superficiais em lagos de inundação, a fim de contribuir pioneiramente com o conhecimento da composição e distribuição de Bacillariophyceae nos lagos Juá e Itapari, e melhor entendimento dos processos hidrológicos e ambientais que regem estes ecossistemas aquáticos. O conhecimento da diatomoflórula e das condições físicas e químicas de lagos amazônicos é determinante para que índices de diatomáceas possam ser gerados e aplicados com segurança na região norte. Os usos múltiplos desses sistemas aquáticos em estudo (praia, navegação, atividade de pesca, turismo) podem contribuir para a degradação da qualidade da água local. O que torna, expressamente importante avaliar as mudanças na biodiversidade, reunir informações sobre as condições ambientais antes dos distúrbios antropogênicos nestes ambientes legalmente protegidos para subsidiar futuros estudos sobre conservação e biomonitoramento de qualidade de água estadual.