CARTOGRAFIAS DA BIOGEOFÍSICA NA AMAZÔNIA: Comunicação, Controvérsias e Redes da Tecnociência do Clima e Meio Ambiente.
Tecnociência.
Clima.
Meio Ambiente.
Comunicação.
Dataficação.
A presente tese descreveu e analisou de forma qualitativa e quantitativa, os modos de circulação e de comunicação da informação de ciência do grupo de pesquisa Brama/Ufopa, a partir do referencial epistemológico-metodológico da Teoria dos Grafos, da Teoria Ator-Rede (TAR), insights da Gestão do Conhecimento, Colonialidade e Colonização do Saber. Nesta investigação, conclui-se que ações de comunicação e de dataficação da ciência, visando à tradução e compartilhamento do conhecimento da rede sociotécnica de clima e meio ambiente na Amazônia, são ferramentas necessárias de enfrentamento e fortalecimento de grupos de pesquisa em clima e meio ambiente ante os fenômenos de fake news, má-informação, que tal ciência tem vivido ao longo da segunda metade do século XX e nessas duas primeiras décadas do século XXI. Nesta investigação, foi realizada uma pesquisa intervenção, a partir da técnica observação participante e atividades de comunicação de ciência e modelagem conceitual em um e para um grupo de pesquisa na Universidade Federal do Oeste do Pará, objetivando a construção de uma cartografia movente. Foi constatado que a reestruturação da fronteira amazônica nestas primeiras décadas do século XXI tem sido motivo de preocupação não só de ambientalistas e comunidades locais, impactadas pela intensificação da agricultura industrial, mas também é objeto de investigação de redes de cooperação internacional de pesquisadores em Ciências Ambientais. Dessa forma, na presente tese, observa-se os modos de comunicação e de circulação da informação de ciência do grupo de pesquisa Brama-Ufopa, pois os estudos de clima e meio ambiente na região amazônica estão fortemente atrelados aos grupos de pesquisa internacionais que monitoram variáveis climáticas, coletando dados por meio de campanhas de avião em perfis verticais sobre a floresta amazônica; aparelhos de medição e estações meteorológicas, existentes em sítios de pesquisa construídos por programas e projetos de cooperação internacional a exemplo do Programa de Larga Escala Biosfera Atmosfera na Amazônia (LBA), criado em 1998. Na Amazônia, seguindo os rastros desses atores-rede da tecnociência do clima e meio ambiente, observa-se também a expansão e o avanço da fronteira agrícola em direção à Região Norte, mais especificamente em direção às regiões de florestas ao longo da BR-163; as dinâmicas de poder desiguais entre o Norte Global e o Sul Global em termos de produção e circulação de conhecimento e também os efeitos de poder sobre pesquisadores e pesquisadoras, tais como: acesso restrito aos recursos (restrição de publicações, oportunidades de pesquisa e recursos); desigualdade no financiamento de pesquisa (alocação inadequada ou desproporcional de fundos de pesquisa); impacto na produção do conhecimento (viés geopolítico na produção e disseminação do conhecimento); marginalização de certas áreas de pesquisa (representação desigual de certos campos de pesquisa em instituições acadêmicas). Conclui-se que ações de comunicação e de dataficação da ciência, juntamente com uma política de popularização da ciência, visando à tradução e o compartilhamento do conhecimento desta tecnociência, podem favorecer os grupos de pesquisas brasileiros, na medida que, tais ações inserem atores-rede, suas ações e inscrições, isto é, a ciência em ação, seus dados, informação e conhecimento, neste novo espaço mundo das redes sociais digitais, fundamental para a “nova” opinião pública midiática das plataformas digitais.