Caracterização Biofísica/estrutural e Fluxo de Metano (CH4) em um Fragmento de Floresta de Várzea no Distrito do Arapixuna, Amazônia Oriental
Gases de efeito estufa. Sensoriamento Remoto. Planície de inundação. Sazonalidade
Estudos indicam que a várzea é uma fonte natural significativa de metano para a atmosfera, porém, ainda existem lacunas, quanto a sazonalidade, espacialidade e contribuição dos diferentes tipos de mecanismo de transporte do metano. O objetivo deste trabalho é caracterizar parâmetros biofísicos de um fragmento de floresta de várzea e estimar o fluxo de metano na superfície dessa floresta, bem como, avaliar a sazonalidade e os diferentes mecanismos de transporte do metano, da superfície para a atmosfera. A caracterização dos parâmetros biofísicos da floresta foi realizada através de processamento de bandas multiespectrais do Sentinel-2 e nuvem de pontos LiDAR. Foi verificado que a floresta apresentou sensibilidade às fases do ciclo hidrológico, heterogeneidade de altura no perfil vertical e que 95% da variabilidade na biomassa da floresta pôde ser explicada através de variáveis estruturais derivadas do LiDAR. As medidas de concentração de metano na superfície foram realizadas pelo método de câmara, acoplado a analisador de gás de efeito estufa ultra portátil. Foi verificado que o fragmento de floresta de várzea apresentou diferença significativa de intensidade de fluxo entre a fase alagada e fase não alagada. Na fase não alagada, o solo da floresta foi sumidouro e fonte de metano. Já na fase alagada, a superfície da floresta foi fonte de metano. Os meses com maior intensidade de fluxo ebulitivo foram fevereiro e agosto, correspondentes a fase de alagamento e vazante, respectivamente. O teste Nemenyi (p < 0,05) não apontou diferença de fluxo difusivo de metano entre os períodos hidrológicos enchente x vazante e, indicou diferença de fluxo ebulitivo entre o período hidrológico seca com os demais períodos. Foi verificado que o fluxo ebulitivo correspondeu a cerca de 70% da emissão total de metano e o difusivo, correspondeu a cerca de 30%. Este trabalho apresentou que a floresta de várzea respondeu fisiologicamente a variação das águas do rio Amazonas, e que os períodos hidrológicos influenciaram significativamente no comportamento emissivo de metano da superfície da floresta. Estes resultados apontam para a importância de mais estudos da dinâmica do metano em diferentes tipos de floresta de várzea e para a importância da integração dos resultados de fluxo de gás com informações do ecossistema, sinalizando, que métodos ecossistêmicos, como os métodos de torre, possam ser mais adequados para a estimativa do fluxo de metano nessas florestas alagadas.