A RELAÇÃO UNIVERSIDADE-ESCOLA NO PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA - PIBID: UM ESTUDO A PARTIR DO CATÁLOGO DE TESES E DISSERTAÇÕES DA CAPES (2012-2018)
Política de formação docente. PIBID. Relação universidade-escola
A universidade e a escola constituem espaços imprescindíveis na formação docente, mas sua integração tem sido marcada historicamente por uma relação verticalizada. Todavia, no Brasil, desde a década de 1990, por meio de estudos, pesquisas e políticas de formação de professores, tem se advogado uma relação colaborativa. Por sua vez, o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência-PIBID, instituído em 2007, pela Portaria Normativa nº 38 do Ministério da Educação, constitui uma das principais políticas neste sentido, visto fomentar a valorização do magistério e a iniciação à docência por meio da parceria entre as Instituições de Ensino Superior - IES e as escolas da rede pública de educação básica. Tendo em vista a relevância desse Programa e o fato de já haver um número significativo de pesquisas sobre ele, este estudo objetivou compreender a relação universidade-escola a partir das dissertações e teses da CAPES que a tomaram como objeto de estudo, considerando os aspectos mais apontados e o que desvelam sobre as possibilidades de construir uma relação menos hierárquica e colaborativa. Neste escopo, a presente pesquisa constitui-se bibliográfica, trilhando percursos do “estado do conhecimento” no mapeamento e caracterização das pesquisas, consoante Romanowski e Ens (2006), e percursos da Análise Textual Discursiva-ATD, de Roque Moraes (2003), para responder a pergunta: o que apontam e desvelam as dissertações e teses da CAPES sobre a relação universidade-escola no contexto do PIBID? O levantamento no Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES (2012-2018), conduziu-nos a 822 pesquisas, dentre as quais foram identificadas 117 investigações relacionadas ao objeto de estudo. Porém, submetidas a um roteiro de análise do nível de relação com o objeto investigado, foram identificadas apenas doze investigações de “total relação”, que contemplavam a questão em seu objetivo geral, constituindo estas as principais fontes de estudo desta pesquisa. O resultado do processo analítico sobre as dissertações e teses de total relação possibilitou identificar como aspectos mais apontados: motivações para integrar/participar do Pibid; construção de interesses/objetivos comuns; espaços-tempos formativos; ações/atividades desenvolvidas; a atuação dos professores das escolas; interações universidade-escola; conflitos/tensões; vislumbres da construção da relação colaborativa; limitações, desafios, críticas e incertezas; impactos e contribuições do PIBID; PIBID como política pública; apontamentos sobre a relação universidade-escola e modelo de formação de docente. A análise desses aspectos expôs-nos muitos desafios nessa parceria, como: as condições precárias de trabalho do professor da escola pública, que o impedem de participar plenamente das ações propostas no PIBID; a incipiente formação científica na graduação para realizar pesquisa sobre a própria prática; a predominância do paradigma tecnicista na formação de professores; o pouco envolvimento do coletivo de ambas instituições, entre outros entraves. Os desvelamentos dos aspectos indicados nos permitiram compreender que a relação universidade-escola no PIBID é complexa e apresenta construções que vão desde uma relação verticalizada (mais comum) a uma relação horizontal cooperativa e até colaborativa (estas mais raras e levam tempo para serem construídas). Na realidade, trata-se de relações universidade-escola, em que, apesar da tendência a serem hierarquizadas, é possível construí-las horizontais, inclusive colaborativas, por meio da ressignificação de motivações, do diálogo aberto, da negociação de expectativas e necessidades, das ações construídas coletivamente e por meio da liderança compartilhada, entre outras condições.